"A vida é de quem se atreve a viver".


CNBB se solidariza com os caminhoneiros, e alerta: "Não é justo submeter o Estado ao mercado. Quando é o mercado que governa, o Estado torna-se fraco e acaba submetido a uma perversa lógica financista”. (Foto: Tania Rego/Ag. Brasil/Fotos Públicas)
CNBB alerta para a gravidade da crise no Brasil

Em nota divulgada ontem (30/5) a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) se solidariza com os caminhoneiros, trabalhadores e trabalhadoras, em manifestação em todo território nacional.

Os bispos brasileiros consideram que a crise é grave e pedem soluções justas. E alertam: “Qualquer solução que atenda à lógica do mercado e aos interesses partidários antes que às necessidades do povo, especialmente dos mais pobres, nega a ética e se desvia do caminho da justiça. Nenhuma solução que se utilize da violência ou prejudique a democracia pode ser admitida como saída para a crise”.

A nota da CNBB lembra que as eleições se aproximam e que é “preciso assegurar que sejam realizadas de acordo com os princípios democráticos e éticos, para restabelecer nossa confiança e nossa esperança. Propostas que desrespeitam a liberdade e o estado de direito não conduzem ao bem comum, mas à violência”. E acrescenta que “não é justo submeter o Estado ao mercado. Quando é o mercado que governa, o Estado torna-se fraco e acaba submetido a uma perversa lógica financista”.

Os bispos ainda citam o Papa Francisco: “O dinheiro é para servir e não para governar”.

“Celebramos a Solenidade do Corpus Christi [hoje, 31/5], fonte de unidade e de paz. Quem participa da Eucaristia não pode deixar de ser artífice da unidade e da paz”, diz a nota.

Preocupada com as duras consequências que sempre recaem sobre os mais pobres, a CNBB conclama toda a sociedade para o diálogo e para a não violência. “Jesus entrou e pôs-se no meio deles e disse: A paz esteja convosco”(Jo 20,19).

A seguir, a íntegra da nota da CNBB:

“A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, solidária com os caminhoneiros, trabalhadores e trabalhadoras, em manifestações em todo território nacional, e preocupada com as duras consequências que sempre recaem sobre os mais pobres, conclama toda a sociedade para o diálogo e para a não violência. Reconhecemos a importância da profissão e da atividade dos caminhoneiros.

A crise é grave e pede soluções justas. Contudo, “qualquer solução que atenda à lógica do mercado e aos interesses partidários antes que às necessidades do povo, especialmente dos mais pobres, nega a ética e se desvia do caminho da justiça” (CNBB, 10/03/2016). Nenhuma solução que se utilize da violência ou prejudique a democracia pode ser admitida como saída para a crise.

Não é justo submeter o Estado ao mercado. Quando é o mercado que governa, o Estado torna-se fraco e acaba submetido a uma perversa lógica financista. “O dinheiro é para servir e não para governar” (Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 58).

É necessário cultivar o diálogo que exige humilde escuta recíproca e decidido respeito ao Estado democrático de direito, para o atendimento, na justa medida, das reivindicações.

As eleições se aproximam. É preciso assegurar que sejam realizadas de acordo com os princípios democráticos e éticos, para restabelecer nossa confiança e nossa esperança. Propostas que desrespeitam a liberdade e o estado de direito não conduzem ao bem comum, mas à violência.

Celebramos a Solenidade do Corpus Christi, fonte de unidade e de paz. Quem participa da Eucaristia não pode deixar de ser artífice da unidade e da paz. O Pão da unidade nos cure da ambição de prevalecer sobre os outros, da ganância de entesourar para nós mesmos, de fomentar discórdias e disseminar críticas; que desperte a alegria de nos amarmos sem rivalidades, nem invejas, nem murmurações maldizentes (cf. Papa Francisco, Festa do Corpus Christi, 2017). O Pão da Vida nos motive a cultivar o perdão, a desenvolver a capacidade de diálogo e nos anime a imitar Jesus Cristo, que veio para servir, não para ser servido.

Conclamamos, por fim, todos à oração e ao compromisso na busca de um Brasil solidário, pacífico, justo e fraterno. A paz é um dom de Deus, mas é também fruto de nosso trabalho.

Nossa Senhora Aparecida interceda por todos!"

Assinam:

Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília (DF)
Presidente da CNBB

Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ
Arcebispo de São Salvador (BA)
Vice-Presidente da CNBB  

Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM
Bispo Auxiliar de Brasília (DF)
Secretário-Geral da CNBB

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