Márcio Araújo (*) –
Todos os países nórdicos, Suécia, Noruega, Finlândia, Dinamarca e Islândia, elegeram recentemente a esquerda social-democrata, também vitoriosa na Alemanha. Essas nações apresentam os melhores índices de bem-estar social e de prosperidade econômica aliada à redução de desigualdades no mundo.
A mídia neoliberal no Brasil ou ignorou ou se apressou em minimizar a conquista socialista. Na reportagem do principal noticiário da TV Globo sobre a vitória do Partido Social Democrata alemão, sequer informaram se tratar de uma agremiação de esquerda.
O grande historiador do século XX, Eric Hobsbawn, dizia que para avaliar o sucesso do comunismo e da esquerda, você deveria olhar não só para a União Soviética ou China. Talvez mais importante seria observar os próprios países capitalistas que incorporaram políticas públicas fruto de lutas e formulações socialistas.
Como se sabe, nos países nórdicos e na Alemanha a social democracia governa há décadas e, nos intervalos, os conservadores tiveram de manter praticamente as mesmas políticas sociais.
O historiador britânico explicou que os sindicatos de trabalhadores desses países sempre contaram, na mesa de negociação, com dois fatores determinantes: 1). Forte capacidade de mobilização de seus filiados; 2) O temor da burguesia local da adoção pelos trabalhadores de uma estratégia comunista, preferindo ceder os anéis do bem-estar social ao risco de perder privilégios da propriedade privada.
Significado para o PT – Para o PT, a vitória da esquerda no norte da Europa representa o fortalecimento de importantes aliados, tanto para a disputa eleitoral quanto para um possível governo Lula a ser eleito em 2022.
O previsível apoio da esquerda hegemônica em países da Europa viria se somar ao histórico de boas relações internacionais do PT e de seus governos com um leque amplo que inclui a China, Rússia, América Latina, África, mundo árabe e mesmo com os EUA, onde o partido possui diálogo com segmentos importantes do Partido Democrata, do presidente Joe Biden.
Depois de ver o Brasil amargar este período de isolamento no mundo, as boas relações internacionais de Lula e do PT representam um enorme ativo político a ser acionado.
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(*) Márcio Araújo é jornalista.