"A vida é de quem se atreve a viver".


O Movimento das Sardinhas é suprapartidário, vinculado às organizações de base, radicalmente democrático e popular. Surgiu na Itália para derrotar o ex-ministro Matteo Salvini, amiguinho de Bolsonaro, na região da Emilia-Romagna.
E se a gente organizasse o Movimento dos Bagrinhos contra Bolsonaro?

Antônio Carlos Queiroz (ACQ) –

Domingo, dia dois de fevereiro, é dia de festa no mar e “eu quero ser o primeiro a saudar Iemanjá”, dizia o Dorival Caymmi. E se gente aproveitasse o mote para lançar o Movimento dos Bagrinhos contra Bolsonaro?

A inspiração vem do Movimento das Sardinhas na Itália, que acaba e botar na parede eleitoral na região da Emilia-Romagna o ex-ministro Matteo Salvini, líder da Lega e amiguinho do Bolsonaro.

A Lega é um partido neofascista, racista, contrário aos imigrantes. Espalha o discurso do ódio, alimenta ataques violentos contra a esquerda. Mas Salvini não contava ser confrontado pelo Movimento das Sardinhas, suprapartidário, vinculado às organizações de base, radicalmente democrático e popular. Contra os tubarões da política e do grande capital, as sardinhas unidas, cantando o Bella Ciao!

Na capital da Emilia-Romagna as Sardinhas espalharam cartazes com a frase “Bologna non si lega”, quer dizer, “Bolonha não se liga”, um jogo com o nome da legenda de Salvini, ou “Bolonha não adere à Liga”. O exemplo se espalhou pelo país todo: “Roma non si lega”, “Milano non si lega”, “Treviso non si lega”, Napoli non si lega.

Tá passando da hora do Brasil dizer não ao Bolsonaro, tá ligado? Os Bagrinhos podem muito bem fazer isso.

As Sardinhas italianas começaram a juntar gente em Bolonha no mês de novembro. Convocaram uma manifestação de 6 mil pessoas e juntaram mais de 15 mil. A partir daí a coisa foi crescendo, com a participação de dezenas de milhares de cidadãos e cidadãs país afora, insatisfeitos (alguns apavorados) com as propostas e ações fascistas de Salvini. O ex-ministro apostou que ganharia as eleições regionais na Emilia-Romagna, reduto da esquerda, para voltar ao poder. Sua aposta furou.

Aqui, os Bagrinhos podem começar o movimento devagarinho, nos terreiros do candomblé, nas encruzilhadas, nos becos das cidades, nas quebradas do sertão, nas veredas da Amazônia, nas praias, nesse domingo, dia de saudar Iemanjá.

As milícias estão espalhando o terror contra o pessoal do candomblé nos morros? Bagrinhos neles! Os estudantes estão sendo atacados pelo ministro Weintraub? Bagrinhos nele! A Damares está querendo empatar a foda das gurias e guris? Bagrinhos nela! O Guedes quer foder de vez a classe trabalhadora? Bagrinhos nele! O Salles incentiva a invasão das terras dos povos indígenas e as fogueiras dos latifundiários na Amazônia? Bagrinhos nele! O novo presidente da Capes ataca a Ciência com a proposta obscurantista do Criacionismo? Bagrinhos nele! Os Bolsonaros (pai e filhos) continuam enfiando a mão pelos pés, corrompendo tudo o que tocam, destruindo o País? Bagrinhos neles!

O Movimento dos Bagrinhos – acima dos partidos políticos, mas não acima da política – poderá vir a ser uma referência para os partidos de esquerda e centro-esquerda, que andam sem rumo, sem programa definido para destronar o Bolsonaro e os seus aliados neoliberais do Palácio do Planalto.

Começando agora, sem pressa, os Bagrinhos poderiam dar o ar da graça no carnaval. E já poderiam também ir pensando em como marcar presença nas eleições municipais do próximo mês de outubro, outorgando, por exemplo um selo de qualidade dos Bagrinhos aos candidatos a prefeitos e vereadores comprometidos com a democracia, a República, a gente trabalhadora, os povos indígenas, os quilombolas e toda a diversidade social e cultural do Brasil, dos Brasis.

Dia dois de fevereiro
Dia de festa no mar
Eu quero ser o primeiro
A saudar Iemanjá
…………………………..
Chegou, chegou, chegou
Afinal que o dia dela chegou.

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