"A vida é de quem se atreve a viver".


CBJP: "“A nação brasileira tem sido surpreendida por inquietantes notícias, referentes ao comportamento do Presidente da República [Jair Bolsonaro], que incluem confissão de atos ilícitos, obstrução da Justiça, envolvimento com milícias... postagens nas redes sociais incompatíveis com o decoro do cargo, violação da Constituição pela incitação a atos ilegais.”
A necessidade de ética na política

A Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP), vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota oficial conclamando o país para a “urgente necessidade de ética na política”.

Eis a íntegra da nota:

“Ao longo do corrente ano, a nação brasileira tem sido surpreendida por inquietantes notícias, referentes ao comportamento do Presidente da República, que incluem confissão de atos ilícitos, obstrução da Justiça, envolvimento com milícias, hostilidade contra dignitários estrangeiros, ataques violentos aos meios de comunicação, postagens nas redes sociais incompatíveis com o decoro do cargo, violação da Constituição pela incitação a atos ilegais, ofensas e ameaças à autonomia da Suprema Corte e a seus membros, apoio a práticas de tortura pelos órgãos de repressão.

Tudo isso vem contribuindo para um clima de confronto e desrespeito, incompatível com uma convivência minimamente civilizada necessária ao diálogo democrático. Tais descalabros se repetem a cada dia, sem que os mecanismos constitucionais que dão estabilidade ao Estado Democrático e são os garantidores da ordem jurídica, façam valer o sistema de pesos e contrapesos necessários a coibir estes excessos, incompatíveis com o cargo exercido, bem como evitar um estado de anomia, de exceção e autoritarismo, gerando o temor de que o país seja levado a um impasse democrático.

O noticiário escandaliza a opinião pública, ao divulgar as atitudes do chefe do governo e de seu grupo mais próximo, relatando fatos absolutamente inaceitáveis, tais como, considerar hienas predadoras da ordem democrática, órgãos públicos ou entidades privadas, merecedoras do mais profundo respeito, como o Supremo Tribunal Federal, a Ordem dos Advogados do Brasil e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. As universidades federais, os sindicatos, os movimentos sociais, também não são poupados. Até mesmo regiões geográficas do país como a Amazônia e o Nordeste, atingidas por profundos desastres naturais ou provocados, têm sido ignoradas, tratadas de forma não republicana, num menoscabo ostensivo incompatível com o equilíbrio federativo. A Constituição da República parece não mais vigorar.

Minimizar estes graves desvios éticos, considerando-os dificuldades naturais ao processo político-institucional, caracterizam uma indiferença que não contribuirá para a superação dos momentos difíceis que se estão anunciando. É urgente que os democratas brasileiros não se omitam e, como já o fizeram em momentos anteriores, enfrentem o desafio de participar da luta para assegurar ao país a tranquilidade merecida, restaurando-se a Ética na Política.

Cabe lembrar o que afirma o Papa Francisco na Exortação “Alegria do Evangelho” (n.57): “a ética é sentida como uma ameaça, porque condena a manipulação e a degradação da pessoa”.

Assim, todos nós, civis e militares, empresários e trabalhadores, estudantes, servidores públicos, mulheres e homens, temos o direito e o dever cívico de levantar a nossa voz para defender a soberania do país, nossas riquezas, os direitos do povo e o futuro do Brasil, com Justiça e Paz.

É urgente a implantação da ÉTICA NA POLÍTICA”.

Brasília, 8 de novembro de 2019

Comissão Brasileira Justiça e Paz - Coordenação

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