"A vida é de quem se atreve a viver".


Marcelo Freixo diz que o assassinato de Marielle (foto) tem motivação política e a polícia tem a obrigação de apontar os mandantes.
Assassinos de Marielle aparecem um ano depois, faltam os mandantes

Às vésperas de completar um ano do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol-RJ) e de seu motorista Anderson Gomes, a polícia do Rio de Janeiro prende dois suspeitos: o policial reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Elcio Vieira de Queiroz (expulso da corporação), são acusados de homicídio duplo no dia 14 de março de 2018.

Em entrevista, o delegado Giniton Lages, da Delegacia de Homicídios do Rio, respondeu a um repórter dizendo que "você percebe ódio, percebe um comportamento de alguém capaz de resolver uma diferença da forma como foi no caso Marielle". Questionado pelo repórter sobre qual seria a motivação, o delegado respondeu: "Ódio, crime de ódio, a definição de crime de ódio".

O deputado federal Marcelo Freixo (PSol-RJ) disse que falar em crime de ódio é inaceitável. "Esse crime foi bem planejado e contou com envolvimento de grupo político", disse Freixo à imprensa.

Segundo Freixo, "o desmembramento da investigação preocupa, mas a polícia e o Ministério Público têm obrigação de chegar aos mandantes. Queremos respostas. Quem está por trás desse crime, que é um crime político. É preciso mostrar quem é o grupo político interessado na morte de Marielle".

O deputado destaca o planejamento elaborado para que o assassinato fosse cometido. "Não dá para aceitar que esse suspeito tenha agido sozinho. Esse foi um crime sofisticado, com alto grau de planejamento e, com certeza, contou com a participação de outras pessoas. Cabe a polícia dar essas respostas. Uma resposta tardia. É inaceitável que a gente demore um ano para ter apenas esse tipo de resposta".

Em denúncia entregue à Justiça, o Ministério Público do Rio de Janeiro afirmou que Ronnie Lessa e Elcio Vieira de Queiroz demonstraram ‘abjeto e repugnante desprezo pela vida’. Os dois foram presos nesta terça-feira, 12/3, pelos homicídios qualificados da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes e por tentativa de homicídio de Fernanda Chaves, uma das assessoras da ex-vereadora que também estava no carro emboscado no dia do assassinato.

Os sites noticiosos e a imprensa escrita informam que Ronnie Lessa mora no mesmo condomínio onde o presidente Jair Bolsonaro tem uma casa, na Barra da Tijuca, no Rio. Nas redes sociais, Queiroz é simpatizante do presidente Bolsonaro. Ele curte as páginas oficiais do PSL Carioca, de Flavio Bolsonaro e de Eduardo Bolsonaro.

Élcio Vieira de Queiroz é filiado ao DEM no Rio de Janeiro. Com inscrição registrada em julho de 2011 e ainda ativa, Élcio vota na zona eleitoral 214, no Meier, zona norte da cidade, próximo ao local onde mora e foi preso.

A prisão desses dois suspeitos não encerram as investigações. Ainda há que se encontrar outros envolvidos neste crime que escandaliza o Brasil e o mundo pela sua crueldade e significado político. Marielle era uma notória defensora dos direitos humanos e denunciava milicianos e criminosos no Rio de Janeiro e contrariava muitos interesses de políticos corruptos da cidade.

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