"A vida é de quem se atreve a viver".


Peça em exibição até o dia 26/2, às 21h, sextas e sábados, e 20h, aos domingos.Tatro Goldoni (Casa d'Itália - 208 Sul) - Brasília-DF..
A Felicidade Estrutural em cartaz

Alexandre Ribondi -

Peça teatral em cartaz até 26 de fevereiro, todas as sextas e sábados, às 21h, e domingos às 20h. No Teatro Goldoni (208/209Sul) - Edifício Casa d’Italia - Brasília-DF. Ingresso: R$ 10 a meia. Classificação: 14 anos.

A Cidade Estrutural, que nasceu há pouco mais de 40 anos, tem ruas compridas, estreitas e tortas. Tem crianças brincando nas ruas, tem cachorros vadios, gatos em cima de muros e nenhuma - ou poucas - árvores.

Não tem praças nem jardins. Às vezes, tem um cheiro ácido no ar, quando o vento traz a lembrança do amontoado de lixo, produzido pela população do DF e que lá encontra o seu destino.

Frequentei a Estrutural nos últimos cinco meses, para realizar o projeto da peça Felicidade. Acompanhado do assistente de direção Morillo Carvalho, lá íamos nós, no começo da noite, para uma das ruas estreitas, onde, quase sempre, passavam carros de aparência luxuosa, ou grandes demais para as dimensões da ruela.

No Ponto de Memória, uma sala pequena, aconteciam os ensaios do projeto produzido pela Desvio Produções, em parceria com o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), patrocinados pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC), da Secretaria de Cultura do Distrito Federal.

E no início, nos primeiros dias de agosto de 2016, era o caos. Ou era como chegar a uma terra estrangeira para entendê-la e, em seguida, fazer uma peça de teatro sobre ela.

Os oito atores (Walissom, Vinicius, Tainá, Tatiana, Lucas, Fábio, Josias e Jessica) foram os cicerones e os intérpretes. Foram eles que contaram as histórias vividas e a experiência de serem homossexuais na cidade, onde a paisagem é sempre a mesma: ruas mal pavimentadas com casas, bares, padarias, mercearias, oficinas mecânicas e muitas, muitas igrejas, umas depois das outras.

Então, aconteceu o maceramento afetivo da Estrutural. E encontramos o que, de resto, existe em qualquer área do DF: a descoberta da orientação sexual, as agressões, o abuso de drogas, a violência sexual, o desejo de formar novas famílias, o amor colhido do que é visto como lixo humano, música e muita alegria.

Num ambiente hostil, que olha a homossexualidade com desprezo e profundo preconceito, a felicidade - que dá nome à peça - é uma ferramenta de resistência.

E essa felicidade se realiza em cada passo dado. Quando alguns dos atores esconde o genital entre as coxas para viver a mulher que existe nele, o rosto torna-se feliz.

Quando a atriz afirma que "felicidade é ter uma mulher ao meu lado", há um grito feliz de conquista. As pedras lançadas sobre o teto do Ponto de Memória durante os nossos ensaios não transformaram nenhum de nós em vítimas.

Pelo contrário, as pedradas agora são elementos de cenas da peça. E mais: quando uma das atrizes declara que "felicidade é ajudar o próximo", fica claro que o elenco devolve as pedras em forma de  compromisso social. 
Aprendemos que rebolar, dançar, rir, travestir-se e desmunhecar são atitudes responsáveis.

A peça agora está pronta e estreia às 21h do dia 3 de fevereiro, amanhã, no Teatro Goldoni (Casa d'Itália - 208 Sul, em frente à estação de metrô 108 Sul, saída do eixinho Leste).

Isso para mostrar que se a felicidade é fato, o fato reside na diversidade.

Em todas as diversidades: social, de cor, de gênero, de fé e, também, no intenso cheiro de lixo que percorre a cidade de onde veio a nossa Felicidade.

Serviço:

Peça de Alexandre Ribondi. Com Vinícius Ávlis, Fábio William, Jéssica Silva, Josias Silva, Lucas Miguel, Tainá Caminho, Taty Moudrak e Walisson Lopes.
Temporada: Até 26 de fevereiro. Sextas e sábados, às 21h; domingos, às 20h
Local: Teatro Goldoni (EQS 208/209 – lote A Edifício Casa d’Italia – Asa Sul)
Preço: R$ 10 (meia)
Classificação: 14 anos
Informações: (61) 98425-6885

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