"A vida é de quem se atreve a viver".


Boaventura propõe que se pense em alternativas econômicas, políticas, culturais e sociais que apontem para um novo modelo civilizatório de sociedade
Boaventura escreve: da pandemia à utopia

Após o lançamento do ensaio A cruel pedagogia do vírus, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos traz ao leitor uma obra que propõe pensar a sociedade pós-pandemia, sua complexidade, os problemas que a antecedem e possíveis futuros. Como um diagnóstico crítico do presente, Boaventura aponta que as desigualdades e descriminações sociais já tão presentes nas sociedades contemporâneas, se intensificaram ainda mais em um contexto pandêmico.

Com atenção especial ao modelo econômico-social, ao papel da ciência e do Estado na proteção dos mais necessitados, o autor de O futuro começa agora: da pandemia à utopia (Editora Boitempo) propõe que se pense em alternativas econômicas, políticas, culturais e sociais que apontem para um novo modelo civilizatório de sociedade.

“O novo século começou, em 2020, com a pandemia, e aconteça o que acontecer. É, no entanto, um começo diferente dos anteriores. Se for apenas o começo de um século de pandemia intermitente, haverá nele algo de fúnebre e crepuscular, o início de um fim. Por outro lado, pode ser também o começo de uma nova época, de um novo modelo civilizacional”, afirma Boaventura.

Trecho do livro

“No domínio das classificações sociais, o cânone monocultural é dicotômico. As dicotomias expressam (e ocultam) hierarquias que aparentemente não podem questionar-se por resultar de supostas “leis da natureza”. Uma das dicotomias que separa e hierarquiza realidades de forma inelutável é a dicotomia entre humanidade e natureza. A pandemia do coronavírus abriu as veias dessa dicotomia para mostrar que a humanidade não pode ser concebida sem a natureza (não são, portanto, incomensuráveis), nem a natureza pode ser entendida como tão inferior que possamos dispor livremente dela. Começa a ser consensual que a pandemia e a recorrência de pandemias são o produto da acumulação de interferências abusivas dos seres humanas nos ritmos dos ciclos vitais da natureza. Esses ciclos englobam-nos a nós mesmos e, nessa medida, as pandemias são em parte auto-infligidas”.

O autor

Boaventura de Sousa Santos nasceu em Coimbra, em 15 de novembro de 1940. É doutor em Sociologia do Direito pela Universidade de Yale (1973), além de professor catedrático jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e distinguished legal scholar da Universidade de Wisconsin-Madison.

Foi também global legal scholar da Universidade de Warwick e professor visitante do Birkbeck College da Universidade de Londres. É diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e coordenador científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa.

Dirige atualmente o projeto de investigação Alice – Espelhos estranhos, lições imprevistas: definindo para a Europa um novo modo de partilhar as experiências o mundo, financiado pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC), um dos mais prestigiados e competitivos financiamentos internacionais para a investigação científica de excelência em espaço europeu.

Autor reconhecido e premiado em diversas partes do mundo, tem escrito e publicado extensivamente nas áreas de sociologia do direito, sociologia política, epistemologia e estudos pós-coloniais, sobre movimentos sociais, globalização, democracia participativa, reforma do Estado e direitos humanos, além de fazer trabalho de campo em Portugal, no Brasil, na Colômbia, em Moçambique, em Angola, em Cabo Verde, na Bolívia e no Equador.

Seus textos encontram-se traduzidos em espanhol, inglês, italiano, francês, alemão e chinês. De sua vasta obra, destacamos: Um discurso sobre as ciências (1988), Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade (1994), Reinventar a democracia (1998), Democracia e participação: o caso do orçamento participativo de Porto Alegre (2002), Se Deus fosse um ativista dos direitos humanos (2013), A cor do tempo quando foge: uma história do presente – crônicas 1986-2013 (2014), O direito dos oprimidos (2014) e A justiça popular em Cabo Verde (2015).
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Ficha técnica:
Título
: O futuro começa agora: da pandemia à utopia
Autor: Boaventura de Sousa Santos
Apresentação: Naomar de Almeida-Filho
Orelha: Ruy Braga
Capa: Mika Matsuzake, sobre pintura de Mário Vitória
Páginas: 400
Preço: R$ 77
Preço e-book: R$ 58
Editora: Boitempo/2021
Disponível a partir de: 19 de janeiro de 2021

 

 

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