A mais relevante mostra de cinema do país, depois de ameaçada de não acontecer este ano, será realizada em formato virtual e presencial, no Cine Drive-in, com orçamento de R$ 2 milhões. O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro foi salvo depois de ampla mobilização dos cineastas, cinéfilos e artistas brasilienses e do Brasil.
O governador Ibaneis Rocha (MDB) acabou por se convencer, desautorizou seu secretário de Economia, André Clemente de Oliveira, que havia cortado a verba orçamentária, e ligou para o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues, garantindo a realização do evento. Ganhou a cidade, o país e a cultura.
Esse festival virá com várias novidades. O secretário disse à Agência Brasília que, diante da pandemia de Covid-19, é hora de “revolucionar” o jeito de fazer o festival. “Será um aprendizado para um evento de tão grande magnitude. E sem o direito de errar, com o desafio de trazer bons filmes e grandes diretores”, avalia Bartô.
Rodrigues conta que o governador foi bastante sensível no entendimento de que o Festival não representa uma despesa, mas um investimento. “Será uma chance de realizarmos de forma virtual e presencial”, conta.
Previsto para outubro ou novembro, o evento deve ser realizado em formato híbrido: on-line e exibições de filmes no Cine Drive-In- por sinal, o único do gênero na América Latina. Algumas empresas de streaming já demonstraram interesse em fazer parcerias para a exibição dos filmes nas plataformas virtuais. Dessa forma, o Cine Drive-in, depois de ter virado personagem de cinema com o filme de Iberê Carvalho, renasce das cinzas. Que seja bem aproveitado.
“Alguns festivais no mundo inteiro estão mudando de formato ou simplesmente sendo cancelado”, conta Rodrigues. Ele lembra que Cannes (França) está no mesmo dilema. “Temos algumas vantagens, como o Cine Drive-in, essa preciosidade que vamos utilizar da melhor forma”, planeja.
O secretário lembra que agora é a hora inovar. “Talvez inauguremos um modelo novo de realização de festival, que pode ser uma referência.”
Uma “coordenação descentralizada” ficará sob o comando do gabinete da Secec – contando, inclusive, com a presença de todos os representantes da classe cultural. O primeiro a ser convocado foi o mestre de todos os cineastas da cidade, Vladimir Carvalho – com mais de meio século de vida afetiva com o Festival de Brasília.
Vladimir está para completar 86 anos. Nascido na Paraíba, mas radicado na cidade desde 1969, já aceitou o convite e promete ajudar com afinco. Experimente, o cineasta acredita que até lá, novembro, essa crise sanitária já passou e torce por um evento 100% presencial, carregado de espírito de esperança.
“Estou otimista. Aceitei esse chamamento por pura coerência e vou colaborar, será um festival cheio de esperança para uma nova realidade”, defende.
Com a autoridade de quem assistiu 45 edições das 52 que aconteceram (25 deles vividos em Brasília), a jornalista Maria do Rosário Caetano, hoje morando em São Paulo, elogia a iniciativa de não permitir a suspensão do mais importante festival. “O GDF reconhece que este é o mais duradouro, sólido e estimado projeto cultural da capital brasileira”, destaca ela.
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Com Lúcio Flávio, da Agência Brasília/GDF.