"A vida é de quem se atreve a viver".


O terceiro volume da Coleção Escritoras do Brasil, do Senado Federal, é de autoria de Nísia Floresta (1810-1885): Opúsculo Humanitário, uma peça em defesa da emancipação feminina.
Senado prepara novo volume da Coleção Escritoras do Brasil

Nilo Bairros –

Dois resgates históricos em menos de um ano marcam a Coleção Escritoras do Brasil, criada pelo Senado para dar visibilidade a mulheres que se destacaram nas letras e na intelectualidade nacional mas que acabaram esquecidas em alguma prateleira da memória do país. Em novembro deste ano, o Senado Federal prepara o terceiro volume da série: Opúsculo Humanitário, uma peça em defesa da emancipação feminina, escrita pela educadora, escritora e poeta potiguar Nísia Floresta (1810-1885), a ser lançado na Feira do Livro de Porto Alegre.

A primeira homenageada foi a jornalista, escritora e feminista Josefina Álvares de Azevedo (1851-1913 / foto abaixo). Dela, foi reeditada a obra Mulher Moderna, de 1891, uma coletânea de textos publicados originalmente na Revista “A Família”, que ela fundara três anos antes. Irmã do escritor – este sim, bastante conhecido - Álvares de Azevedo, Josefina defendia a educação da mulher como ferramenta essencial para a sua emancipação. Tanto em artigos publicados, quanto na comédia de costumes O Voto Feminino, presente no volume, Josefina pregava, por exemplo, o direito da mulher ao voto, algo conquistado apenas quatro décadas mais tarde.

Lançado na semana passada, durante a Bienal do Rio, Ânsia Eterna, de Júlia Lopes de Almeida (1862-1934), é o segundo volume da Coleção do Senado. E o lançamento teve direito à presença do neto da escritora, Cláudio Lopes, de 80 anos, acompanhado de sua esposa, a atriz Beth Araújo, que interpretou um dos contos de Júlia Lopes de Almeida, “As Rosas”, presente no livro.

E foi Cláudio Lopes que emocionou a plateia ao contar curiosidades da vida da avó, conhecida como uma das mães da Academia Brasileira de Letras e que, no entanto, não foi autorizada a ocupar uma das cadeiras da ABL, em 1897. O engenheiro Cláudio Lopes discorda, no entanto, da tese de que o marido de Júlia, Filinto de Almeida, ocupou a cadeira em nome da esposa. Para ele, o avô, intelectual e jornalista, mereceu aquela cadeira. A negativa à avó foi uma injustiça, e aconteceu porque a Academia não aceitava a inclusão de mulheres em suas fileiras. A primeira mulher a ser eleita para a ABL foi Rachel de Queiroz, em 1977.

Filinto e Júlia casaram-se em 1887, dez anos antes da criação da ABL, e ele a introduziu entre os clássicos franceses, incentivando-a a manter sua trajetória literária. Mas além de ser queridíssimo entre os primeiros dirigentes da ABL, Filinto, então redator-chefe do jornal “O Estado de São Paulo”, era notável intelectual e seria chamado a compor a turma de 30 primeiros acadêmicos independentemente da importância de Júlia para as letras do Brasil à época, assinalou Cláudio Lopes.

Também estiveram presentes no lançamento Sônia Lopes, representante do Mulheres do Brasil; Patrícia Coelho, coordenadora da Biblioteca do Senado; e TT Catalão, poeta e integrante do Conselho Editorial do Senado. Diretora-geral e mestre de cerimônia do evento, Ilana Trombka avaliou que a atuação do Senado na Bienal reforça uma linha que vem sendo adotada pela Casa:

“Foi um enorme prazer estar na Bienal do Rio e lançar o livro Ânsia Eterna, de Júlia Lopes de Almeida (foto abaixo). A obra é de uma qualidade impressionante e poder trazer à luz todo o talento dessa incrível escritora é uma alegria. Impressionante, também, pensar que Júlia Lopes de Almeida não foi aceita na ABL apenas por ser mulher”.

Ainda de acordo com Ilana, o relançamento desta obra mostra a responsabilidade social do Senado em recolocar em evidência intelectuais mulheres que acabaram esquecidas pela sociedade.

Por isso, o Senado prepara o próximo título da coleção: Opúsculo Humanitário, uma peça em defesa da emancipação feminina, escrita pela educadora, escritora e poeta potiguar Nísia Floresta (1810-1885). Nísia marcou sua vida de muitas formas, desde sua separação do marido, inédita no Rio Grande do Norte do Século 19, passando pela criação de escola para mulheres que tinha como base princípios de equidade, até sua relação intelectual com Augusto Comte, formulador da doutrina positivista, já na França, onde morreu.

O lançamento de Opúsculo Humanitário, terceiro volume da Coleção Escritoras do Brasil, será no dia 11 de novembro, durante a Feira do Livro de Porto Alegre, no Centro Cultural Érico Veríssimo.

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