"A vida é de quem se atreve a viver".


A exposição reúne cerca de 550 peças históricas e contemporâneas, entre pinturas, fotografias, vídeos, instalações, objetos, documentos, esculturas. Ficará aberta até março de 2020.
Exposição: Rio dos Navegantes no MAR

Rio de Janeiro - O Museu de Arte do Rio – MAR inaugurou ontem, dia 25 de maio, sua principal exposição de 2019: “O Rio dos Navegantes”. A mostra traz uma abordagem transversal da história do Rio de Janeiro como cidade portuária, do ponto de vista dos diversos povos, navegantes e imigrantes que desde o século XVI passaram, aportaram e por aqui viveram.

O Rio Dos Navegantes” ocupará integralmente o terceiro andar do pavilhão de exposições e a Sala de Encontro, localizada no térreo, até março de 2020. O diretor cultural do MAR, Evandro Salles, é o idealizador e coordenador de curadoria e Francisco Carlos Teixeira, o consultor histórico. Também assinam a curadoria e a pesquisa Fernanda Terra, Marcelo Campos e Pollyana Quintella.

A exposição reúne cerca de 550 peças históricas e contemporâneas, entre pinturas, fotografias, vídeos, instalações, objetos, documentos, esculturas, etc. Estão expostos trabalhos de artistas como Ailton Krenak, Antonio Dias, Arjan Martins, Augusto Malta, Belmiro de Almeida, Custódio Coimbra, Guignard, Iran do Espírito Santo, João Cândido (João Cândido Felisberto), Kurt Klagsbrunn, Lasar Segall, Mayana Redin, Mestre Valentim, Osmar Dillon, Rosana Paulino, Sidney Amaral, Virginia de Medeiros, além de jovens artistas como Aline Motta e Floriano Romano.

Entre os destaques da curadoria está um raro tapete feito pela Manufatura dos Gobelins – um complexo de oficinas dedicadas à produção de tapeçarias e mobiliários na França do século XVI. Além disso, está na mostra um painel de cinco metros, pintado em madeira pelo artista Carybé e pertencente ao acervo do Museu do Ingá. Outro destaque é o desenho original de Hélio Eichbauer que foi transformado em um painel na emblemática montagem da peça O Rei da Vela, em 1967, e mais tarde virou capa do disco O Estrangeiro, de Caetano Veloso.

Para ampliar a viagem pela história do Porto do Rio e seus desdobramentos, o museu firmou parceria com 37 instituições públicas e privadas, que cederam trabalhos para a exposição. Do Museu Nacional, destruído por um incêndio em 2018, virão 15 peças de diversas coleções da seção didática do museu, como conchas, corais, artefatos líticos, e frascos que apresentam a biodiversidade da baía de Guanabara. Outro destaque é o vídeo instalação do sul-africano Mohau Modisakeng, exibido na Bienal de Veneza de 2017. A obra simula barcos com figuras submersas e aborda o desmembramento da identidade africana pela escravidão, que promoveu violentos apagamentos de histórias pessoais.

“O Rio dos Navegantes” não se limita aos espaços tradicionais de exposição. Na rampa que leva o visitante ao pavilhão, por exemplo, o público vai se ambientando à mostra por meio de uma das cinco obras comissionadas pelo MAR. Vozes, conversas e sons ambientes da Região Portuária foram reunidos pelo artista carioca Floriano Romano no trabalho “Fui”, que dá a dimensão da diversidade naquela região.

Mais quatro trabalhos foram desenvolvidos pelos artistas Aline Motta, Carlos Adriano, Katia Maciel, Regina de Paula e Wilton Montenegro especialmente para “O Rio dos Navegantes”. A mostra também dá voz a personagens famosos e anônimos da região, como Arthur Bispo do Rosário, João Cândido, as polacas Berta, Esther e Rachel, o Dragão do Mar, os comerciantes árabes do mercado popular Saara, entre outros, que terão suas vidas narradas por meio de obras e documentos da época.

A exposição convida o público a refletir sobre os modos de vida que formaram o Rio de Janeiro, a relação entre cariocas e visitantes, a miscigenação, as formas de uso e democratização do espaço público, e os conflitos geográficos, linguísticos, culturais, econômicos e políticos que estão presentes na cidade desde o século XVI.

Documentos e imagens raras mostram indígenas escravizados construindo os Arcos da Lapa, evidenciam os problemas das enchentes do Rio desde o século XVI e questionam o mito da praia democrática, evidenciando tensões sociais no espaço público e as praias do subúrbio, como as do Caju, Ramos, Sepetiba e Ilha do Governador.

Você não tem direito de postar comentários

Destaques

Mais Artigos