Angélica Torres (*) –
O amor plurinacional de Mário
amo e Mário eu amaria
se o Tempo nos brindasse
contemporâneos
Mas ele não gostava de moças
E eu restaria engastada nas matas
ou nas águas de Wyara
silvícola selvagem solitária
Pensando bem quem sabe assim
ele me amasse Talvez
assim Mário me amaria em nossa breve escala em Pindorama
Assim minh'alma teria sentido:
eu seria toda uma casta de árvores igarapés veredas planetária
a seu amplo e libertário espírito
Juntos nós dois
teríamos sido
um invencível exército
anti-império capitalista.
(*) Poema dedicado a Mário de Andrade, pelo aniversário de 75 anos de sua morte (25/2/1945), mas também à Escola de Samba Unidos de Vila Isabel com o desfile "Gigante pela Própria Natureza", na madrugada desde mesmo dia - pela grandiosidade e generosidade do carnaval do colégio de bambas do Rio, a cada início de ano reaquecendo o orgulho pra com a cultura brasileira e mais ainda: reafirmando o talento artístico do povo afrobrasileiro e sua fundamental importância na constituição da brasilidade. Mário de Andrade se sentiria parte legítima do desfile se o assistisse e certamente que chorando de emoção (também de tristeza, pelos tempos tão cruéis pra com o país). Angélica Torres Lima.