"A vida é de quem se atreve a viver".


"O que estamos vivendo é um estabelecimento, no governo e, portanto, no Estado e na República, de um conjunto de uma obra, cuja personagem central é o Capitão Bolsonaro, um homem de extremos, escárnios, zombarias, achaques e, desde os tempos pré-campanhas, preconceitos, injúrias e agressões".
Governo deboche

Luiz Martins –

De Deodoro ao dia de ontem, nenhum governante brasileiro merecerá a classificação de “tipo-ideal”: de presidente, governador, prefeito, síndico... A não ser que o leitor requeira o contraditório para dizer ‘existiu, sim, foi o fulano de tal’. Erros, vicissitudes e, em algum momento, a dúvida sobre a excelência administrativa e, por vezes, moral será apresentada, no mínimo, em coisas do tipo ‘favoreceu parentes’, ou, ‘prometeu na campanha e não cumpriu depois’.

Em relação ao eleitor também cabe uma indagação: quem você elegeu correspondeu às suas expectativas? A avaliação atual, no entanto, nos leva a fazer uma ponderação da seguinte ordem: quem votou na base do qualquer coisa, menos PT’, está satisfeito?

Há os que, convictamente, votaram na esperança de algo melhor do que o PT. Há os que votaram e votarão no PT enquanto ele existir e qualquer que seja o candidato ‘tirado’ na convenção. E há os que, sendo ou não do PT, adotam como divisa atual a seguinte alegação: “Eu avisei!”. Já sabiam do que se tratava, não havia margem sequer para uma réstia de ilusão. Infelizmente, há uma camada de pessoas que em relação ao presidente atual o aplaude em qualquer decisão ou atitude.

Pouquíssimos continuam achando que ele é, de fato, “mito”. Só se for do grotesco, esse estágio do escárnio que ultrapassa os níveis da paródia, do pastiche, da caricatura e que tem início quando adentra a “carnavalização”, conceito adotado pelo linguista Mikhail Bakthin, que deu prosseguimento ao clássico François Rabelais.

Estamos em pleno Carnaval, esse período em que o humor se faz metalinguagem da realidade, desde as simples e ingênuas fantasias até os escrachos mais desbragados, em desfiles ou propriamente no seu lugar, os blocos de rua. O que estamos vivendo, porém, é um estabelecimento, no governo e, portanto, no Estado e na República, de um conjunto de uma obra, cuja personagem central é o Capitão Bolsonaro, um homem de extremos, escárnios, zombarias, achaques e, desde os tempos pré-campanhas, preconceitos, injúrias e agressões. Prima por fazer, a exemplo do clichê da “arminha”, o estilo do político-deboche.

Com isto, capitaliza um suposto foco dos que estão na arquibancada do protesto, sobretudo, com uma entonação para o hilário, o histriônico, o trocadinho e a gracinha, mesmo que os círculos do riso estejam se encolhendo cada vez mais. Passou a fazer chacota com coisas muito sérias, instituições republicanas e adjacências. Nem os presidentes da França e da Alemanha escaparam. Até o Papa levou um “troco”. Há os que aceitam seus convites em nome do ‘amor’ pelas causas, haja vista a atriz Regina Duarte, a fim de encarnar outra vez o papel de Namoradinha do Brasil. Do Brasil ou do Bolsonaro? Eis a questão. Eis o dilema. Até mesmo para os generais, formados sob o escopo da disciplina e dos juramentos de servidão à Pátria. Entretanto, não à toa um programa de humor adotou como slogan: “A gente tenta superar a realidade, mas tá difícil!”.

 

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