A Câmara Legislativa do Distrito Federal entregou, dia 13/6, ao cardiologista Geniberto Paiva Campos o título de Cidadão Honorário de Brasília. A cerimônia foi proposta pela também médica deputada distrital Arlete Sampaio (PT).
Nascido em 1941 no Rio Grande do Norte, o médico Geniberto mudou-se para Brasília em 1967, já com o diploma de medicina. No mesmo ano, em plena ditadura militar, fundou a Associação Nacional dos Médicos Residentes, que hoje reúne cerca de 13 mil profissionais em todo o País.
Geniberto Campos, de 1968 a 1980, foi professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) e, entre 1980 e 1985, coordenou a Clínica Médica do Hospital Sarah Kubitschek. De 1985 a 1988, foi diretor da Divisão Nacional de Doenças Crônico-Degenerativas do Ministério da Saúde e superintendente da Campanha Nacional de Combate ao Câncer. No início dos anos 90, esteve à frente da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Clínica do Coração do DF.
A deputada Arlete Sampaio destaca ainda o ativismo político e social do médico desde o período da juventude: "Jovem atuante na esquerda católica do Rio Grande do Norte, Geniberto foi preso sob a alegação de subversão. Apesar de ter sofrido os horrores da ditadura implantada no País, a preocupação com o próximo, com a liberdade e com a democracia nunca desapareceu de sua trajetória de vida".
Ao se dirigir aos convidados, Geniberto questionou: “Homenagens, numa hora dessas? pergunta o meu lado cidadão nordestino”. Para, em seguida, admitir que receber a homenagem “não deixa de ser uma forma de resistir à insensatez, à loucura que nos últimos tempos tomou conta da nossa (ainda?) pátria amada Brasil”.
O médico lembrou de sua tia avó, que dizia ser Brasília uma cidade “feita de propósito”, fruto da genialidade de homens que estavam juntos no lugar certo e na hora certa: Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Athos Bulcão, Burle Marx, Juscelino Kubitscheck, Israel Pinheiro.
Brasília, para Geniberto, “é um momento sublime, no qual o país vivia experiências marcantes, construindo, de forma natural e tranquila o Brasil, Estado-Nação, onde a tolerância aliava-se à inteligência cultural e política, à criatividade, ao fazer inteligente e moderno, com liberdade e democracia”.
O cardiologista enumera as conquistas políticas e sociais dos anos 60. “É preciso lembrar que era o tempo da Bossa Nova, do Cinema Novo, da conquista, pela primeira vez, da Taça Jules Rimet, do desenvolvimento e do progresso e, claro, da construção da nova capital do País”.
Mas foi em 1962, recorda Geniberto, que Brasília deu um grande salto na criatividade, já no governo João Goulart, quando se encontraram no Planalto Central Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira. “Vencendo desafios, esses homens implantaram uma universidade moderna na Nova Capital, a Universidade de Brasília, um marco no ensino acadêmico no Brasil”, destaca.
Em 1966, conta Geniberto, foi criado na UnB um ousado projeto de ensino médico: "a Faculdade de Ciências da Saúde, nascida da teimosia de Luiz Carlos Lobo”.
De médico residente no Hospital dos Servidores do Estado do Rio Janeiro a professor da Faculdade de Saúde da UnB, Geniberto sempre se dedicou à medicina e à militância política, as duas faces inseparáveis de Geniberto.
Além da UnB, Geniberto atuou no Hospital Sarah Kubitschek, das Pioneiras Sociais; no Ministério da Saúde, na Clínica do Coração e no Instituto Biocardios. O agora cidadão honorário de Brasília é um incansável estudioso das ciências médicas e disposto a enfrentar os desafios da medicina do Século XXI.
Geniberto é também colaborador deste site www.brasiliarios.com onde escreve artigos sobre a conjuntura política brasileira.