"A vida é de quem se atreve a viver".


Geniberto: "Os cidadãos brasileiros saberão, no devido tempo, encontrar os caminhos de retorno à democracia e ao Estado de Direito".
A direita foi às ruas – e saiu do armário

Geniberto Paiva Campos -

“A atual política brasileira, marcada por uma polaridade radical, por intransigência inédita e por uma intolerância completa, é absolutamente cordial, no sentido próprio do termo, ou seja, é uma política que se faz com afetos, com o estômago e não com a cabeça” (João Cezar de Castro Rocha).

Os estrategistas, internos e externos, decidiram: está na hora da direita brasileira assumir a sua estranha Ideologia.

E se posicionar claramente em defesa dos seus ideais. Pouco importa se umbilicalmente ligados ao neoliberalismo. Uma ideologia condenada ao fracasso em todos os quadrantes do planeta.

Finalmente, a direita se vê obrigada a assumir e mostrar publicamente a sua verdadeira face. Despida do eterno pretexto moral que sempre usou no jogo político: o combate à corrupção.

Mas o novo discurso da direita neoliberal, de tão ultrapassado e assustador, não lhe permite ganhar espaço político eleitoral.

Em eleições diretas e majoritárias, representaria um suicídio completo. Pois se trata de um projeto indefensável.

Caso submetido ao voto popular, tenderia a ganhar o voto da elite e dos seus fiéis e minoritários seguidores: um rebanho obediente e desinformado, que pensa com o afeto e o estômago.

E se acostumaram a usar os parcos neurônios da mídia para orientar suas decisões no campo político ideológico. Mídia que lhe incute o medo, o ódio e a violência.

Foi essa direita, ortodoxa, estúpida e intolerante, que tomou o poder em 2016.

Dilma Rousseff foi afastada da presidência através de métodos escusos. No mínimo, discutíveis.

E quem ocupou o seu lugar? Michel Temer, seu vice. Parceiro da coalizão, liderada pelo PT, que governava o Brasil desde 2003.

Temer formou um governo fraco. Composto por políticos incompetentes e medíocres. Movidos pelo imediatismo. Sem a mínima preocupação com valores transcendentes, orientados pelo patriotismo, igualdade, direitos trabalhistas ou inclusão social.

Diametralmente oposto ao que defendia o governo do qual foi integrante por treze anos, os seis últimos como vice-presidente.

Essa defecção teve como objetivo principal cumprir uma agenda retrógrada, com indisfarçada ironia apelidada de “Ponte para o Futuro”.

Um projeto jamais submetido ao escrutínio popular. O qual permaneceu oculto do conhecimento dos brasileiros. Pois precisava ser escamoteado.

Uma espécie de camuflagem política. Mas na realidade, com suas lideranças assumindo, sem qualquer pudor, o comportamento de assaltantes e estelionatários políticos.

Sem exagero, pode-se afirmar que, na verdade, o Brasil foi sequestrado. Do ponto de vista político, econômico, cultural.

Sequestraram a soberania do país, para transformá-lo numa republiqueta latino americana. Colônia produtora de matérias primas. E sem nenhum futuro.

Com a cumplicidade e apoio mal disfarçado de outros poderes da República. Que se imaginam os “salvadores da pátria”.

E com o silêncio cúmplice da mídia. Há décadas oferecendo seu decisivo suporte a ditaduras assumidas e regimes autoritários, ditos “suaves”.

Como era de se esperar, a popularidade do novo governo evaporou-se, e tende para zero, não resistindo ao desgaste de uma agenda fraudulenta e retrógrada.

O povo, principalmente os segmentos mais esclarecidos, tendo consciência do sequestro e da grave situação na qual o país foi colocado, se organiza para resistir à barbárie.

Nas ruas, nas universidades, no Congresso Nacional, nas escolas, entidades de classe, instituições religiosas, nas fábricas e nos sindicatos.

As organizações populares, lutando em defesa da democracia e da liberdade, pelos seus direitos de cidadania, da retomada da ordem jurídica, tentam conter os sequestradores, em seus explícitos propósitos: destruir o Brasil como nação, para entregá-lo aos interesses externos. Na contramão da história.

Talvez seja esta a ameaça mais grave enfrentada pelo país em sua trajetória republicana.

E o povo, enfim, percebeu que “eles só são grandes porque estamos de joelhos”. (Etienne de La Boétie – in Discurso da Servidão Voluntária – Ed Marin Claret – SP/ 20152).

Recentemente, a Rede Globo, provocou uma grande turbulência na implantação da agenda neoliberal, ao “demitir”, de forma sumária e inesperada, o sr. Michel Temer das suas funções presidenciais.

E este, para surpresa de muitos, resolveu resistir no cargo.

Difícil saber com exatidão as causas dessa atitude do Sistema Globo. Este, talvez, tenha assumido, inconscientemente, a tese do acadêmico e linguista norte americano, Noam Chomsky, que defende o conceito de que ”não é o Governo que manda na Mídia; é a Mídia que manda no governo”.

Até agora não podemos prever qual o desfecho desse imbróglio político-institucional.

Cabe, portanto, ao povo brasileiro criar mecanismos de resistência pacífica a mais uma tentativa da elite de construir, de maneira tosca e irresponsável, uma democracia sem povo e sem o voto direto dos eleitores.

Democracia apropriada pelo capitalismo financeiro. Mesmo que para garantir o seu intento seja necessário destruir o Brasil como nação livre e soberana.

Os cidadãos brasileiros saberão, no devido tempo, encontrar os caminhos de retorno à democracia e ao Estado de Direito.

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