"A vida é de quem se atreve a viver".


A conspiração golpista

Carlos Saraiva e Saraiva -
 
A discussão não está entre "impedimento" e "golpe". Pois golpe, até os golpistas, mesmo os pseudo-indignados admitem.
 
Também não importa quem é favorável ou contra o golpe. Golpe no Brasil, é uma tradição que persegue nossa história. O "impedimento", não se transforma em golpe , porque não existe "crime de responsabilidade" ou "atentado à constituição" por parte do presidente ou presidenta da República.
 
Este assunto, deve ou deveria ser discutido pelo STF. O problema é politico, baseado em um discurso ideológico, eufemisticamente traduzido pelo "conjunto da obra", que traduz a "conspiração golpista".
 
Dirão alguns, que não se pode banalizar, fugir da "realidade", nem justificar "erros", apelando para "a teoria da conspiração".
 
Mas estamos diante da "prática da conspiração". Esta começou com o chamado "mensalão", sob a batuta do "ínclito" "justiceiro" Joaquim Barbosa.
 
Veio depois o "petrolão", sob a batuta de outro "ínclito justiceiro", para salvar a pátria dos "políticos corruptos", empresários "nacionais" , imitando os juízes da "operação mãos limpas" na Itália.
 
Ações "espetaculares" da PF, sempre com nomes "sugestivos". Manifestações de junho de 2013, capturadas pela direita e a mídia.
 
Atividades contra a copa, desembocando nas eleições de 2014, que reelegeu Dilma, representando a quarta vitória eleitoral do projeto capitaneado pelo PT.
 
Estas ações e movimentos, diziam expressar um combate à corrupção, tendo como agente alvo o PT, suas lideranças e seus governos.
 
A narrativa simbólica antipetista serviu e serve como ferramenta para atingir o imaginário da sociedade, em especial uma classe média preconceituosa, colonizada e temerosa da ascenção de uma nova classe operária e de uma igualdade e equidade perturbadora.
 
Suas culpas transferiram-se para o PT, a ser eliminado. Este medo, resultou em ódio e instalou-se um fascismo, roedor da legalidade, do estado de direito, abrindo caminho para um estado de exceção golpista.
 
O golpe teria de se fantasiar em legal, "democrático", constitucional. Aí surge o "impedimento", agora baseado em outro eufemismo farsesco "pedaladas fiscais".
 
A nossa elite , em sua "abominação cognitiva" , como diz Marilena Chauí e na falta de humor, parte para o cinismo sempre, próprio do autoritarismo e arrogância que marcam seu perfil.
 
Assim, tivemos; Mensalão, Petrolão e agora Pedaladas. Para o desfecho , constituíram um consórcio; Ministério Público, PF, Mídia oligopolista, TCU. Parlamento, empresários, contando em cada órgão com suas representações.
 
Moro, Nardes, Rede Globo, Cunha. Com apoio explícito de Gilmar Mendes, conseguiram neutralizar o STF. O sistema financeiro internacional, em especial os EUA, no desejo de retomar a hegemonia da região e interesses do Pré-Sal, ajudaram a massificar as manifestações golpistas.
 
Precisavam roer o governo por dentro, e conseguiram pela traição, oportunismo do PMDB, à frente o próprio vice-presidente, que seria "constitucionalmente", o ocupante da vaga golpista.
 
Este processo que veio se intensificando desde a eleição perdida, paralisou o governo, forjando uma "crise" e intensificando a crise internacional por que passa o capitalismo. Esta "crise" propiciou a narrativa justificadora do "conjunto da obra".
Portanto nossa luta é contra esta "conspiração". A primeira frente de luta é contra este consórcio e seus agentes, em seu próprio terreno que é a justiça. Pois sabemos que o capitalismo é uma contradição dialética em movimento e seus agentes afloram estas contradições no processo.
 
Sabemos ainda que o regime de exceção nasce dentro do regime do legal e a legalidade pode renascer da ilegalidade. A segunda frente é política e se baseia na desconstrução de uma narrativa que se tornou hegemônica e sensibilizou o imaginário da classe média difundindo-se para o povo.
 
A narrativa foi moral e precisamos construir outra narrativa, contra hegemônica, baseada não no falso moralismo e em uma ética oportunista, cínica e hipócrita.
 
A narrativa que precisamos construir é a práxis, alicerçada na perda dos direitos individuais e coletivos, do respeito á diversidade e os avanços civilizatórios.
 
Denunciar o ataque às conquistas trabalhistas e a soberania nacional. A articulação com os movimentos sociais e internacionais, necessitam ser ampliados, fortalecidos e consolidados.
 
O objetivo urgente e principal é combater a conspiração, restaurar a democracia, a legalidade, a voz popular, unificando o campo democrático, a esquerda, para as batalhas que virão.
 
Pela democracia, pelos direitos humanos, direitos dos trabalhadores. Pela volta da presidenta Dilma, legitima mandatária do país.

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