"A vida é de quem se atreve a viver".


Prestes, Getúlio, Lula, vítimas da injustiça e da perseguição das elites antinacionais
Enfim, liberdade para Lula!

Luiz Philippe Torelly –

As elites ligadas à terra e aos interesses estrangeiros, as mesmas que remanescem desde a escravocrata sociedade colonial, não permitem que o povo brasileiro possa conquistar o objetivo de qualquer outro do planeta: promover o bem-estar de todos, para que o acesso à educação, ao trabalho, à habitação, ao saneamento, à saúde, à cultura, sejam uma prerrogativa indistinta e universal. Sabotam, prendem, matam, sempre sob os ditames do "grande irmão do Norte".

Luiz Carlos Prestes, "o Cavaleiro da Esperança", insurgiu o país contra essa ordem que condena o povo à pobreza. Com sua Coluna Prestes percorreu 24 mil Km, levando uma mensagem de justiça e acesso à terra aos que dela necessitavam. Foi perseguido e acusado dos mais torpes feitos. Acabou por exilar-se do país, pela exaustão de seu movimento. Para livrá-lo de uma de suas muitas prisões, o advogado Sobral Pinto, teve que apelar para a Lei de Proteção aos Animais.

Curioso, e paradoxal, é que um dos seus algozes, Getúlio Vargas, tenha promovido avanços importantes para as massas urbanas, modernizado o país e lançado a estrutura do estado brasileiro, com forte presença pública na economia e no planejamento do país. A nacionalização do petróleo, a implantação da indústria siderúrgica, a criação de um forte sistema financeiro governamental e as leis trabalhistas, incomodaram os conservadores ligados ao latifúndio e ao capital internacional.

Uma oposição sistemática e escandalosa, diuturna, acabaram por levar o governo a erros crassos. A crise instalada com forte componente militar, sempre ao lado dos interesses contrários ao progresso do povo brasileiro, levaram ao suicídio de Getúlio Vargas. "Saio da vida para entrar na história" é a frase com que ele arrematou sua carta testamento, documento que me emociona profundamente, pois suas circunstâncias se repetiram nos últimos anos.

Juscelino bem mais moderado e depois Jango Goulart, sofreram na pele, junto com a sociedade brasileira, os ataques dos aliados de sempre: militares, capital internacional, elites agroindustriais, e o resultado todos sabem: morte, tortura, ditadura, fim dos direitos políticos e individuais, fim da liberdade de imprensa e manifestação.

A ascensão de um operário à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que deu início a reformas e implementação de políticas públicas de amplo espectro social, volta a trazer inquietude ao esquema militares + burguesia, já esvaziado pelo fim da guerra fria. Era necessário um novo componente e novas técnicas de intervenção social.  A imprensa e o Judiciário, com o papel superveniente e estratégico da CIA, vieram a suprir a falta de um "inimigo externo inexistente". As seguidas vitórias eleitorais, apesar dos ataques permanentes, alimentados em alguns casos por erros comuns a qualquer governo e principalmente por concessões equivocadas a permanente estrutura de "tutela dos interesses conservadores financistas", acabaram por dar início às chamadas "jornadas de julho de 2013", movimento ainda nebuloso que precisa ser mais bem estudado em sua origens e motivações. Dai para o golpe foi tudo muito rápido.

As revelações já conhecidas, mas reiteradas por volumoso e detalhado artigo do jornal francês Le Monde, mostram a ação sub reptícia das agências de informação americanas, procuradores e juízes, em conluio com a imprensa abutre e militares. Impressionante que nas barbas do estado brasileiro que nada detectou. Estranho, muito estranho. Outra pergunta que não quer calar: quem dava apoio a Moro, Dallagnol et caterva? Agiam de moto próprio? Muito difícil.

A justificativa de crime de responsabilidade contra Dilma Rousseff, foi desde o início frágil. Mas foi levada a ferro e fogo pelos aliados de sempre já citados. Antes de concluir seus desígnios, já estava desmoralizada. Lembro-me da imagem patética da hoje deputada Janaína Pascoal, rodopiando um casaco em transe, sob olhar patético do provecto ex-deputado do PT, Hélio Bicudo, agora transmutado em acusador dos erros do governo. Era a síntese da cornucópia de horrores que nos aguardavam.

Destituída Dilma Rousseff pelo golpe, dá-se início à demolição dos ainda insuficientes direitos adquiridos ao longo de gerações pelos trabalhadores brasileiros. O sangue, suor e lágrimas de gerações foram descartados na lata do lixo, sob a promessa de mais empregos. Aposentadorias reduzidas, aumento dos anos de contribuição, foi a paga concedida ao povo brasileiro, onde alguns infelizmente foram às ruas aplaudir sua auto imolação. Nesse contexto todo de mudanças para reduzir gastos e aumentar investimentos, os militares foram agraciados com polpudos aumentos e a continuidade de privilégios vergonhosos como a pensão para filhas solteiras, que casam sob o manto da mentira e da fraude.

A perseguição a Lula se estende a várias frentes, todas sem nexo direto com aquilo que queriam apurar: fraudes na Petrobras. Condenações esdrúxulas e kafkianas, postas em dúvida por juristas, advogados e a opinião pública. Lula acaba preso por 580 dias. Sua esposa falece em decorrência da guerra sem tréguas da imprensa, especialmente a Rede Globo. Debocham da morte de dona Marisa, de seu neto e de seu irmão. Humilham, achincalham, mentem, tudo sob o manto protetor da justiça.

De repente, o acaso traz a verdade à tona. O site Intercept Brasil, passa a divulgar conversas entre procuradores e juízes da lava-jato, que lhe teriam sido repassadas por um hacker, hoje um personagem com relevantes serviços prestados à história do país. De início em conta-gotas, depois aos borbotões, são revelados diálogos que expõem as vísceras do MPF e da 13ª Vara Federal de Curitiba. Nas palavras do Ministro Gilmar Mendes, nem um gênio da literatura como Gabriel Garcia Marques, seria capaz de criar uma estória com tal riqueza de detalhes e coincidências de datas, fatos e personagens.

Paulatinamente, Têmis, deusa da justiça é despida e se apresenta nua a vista de todos. Não há mais o que inventar ou negar. O juiz do STF Edson Fachin, aliado da lava-jato por força de evidências incontestáveis decide que a 13ª Vara Federal de Curitiba é incompetente para julgar as ações contra Lula, depois de cinco anos de sofrimento e humilhações sem par na história brasileira. Não contente em deliberar no âmbito da 2ª Turma do Tribunal, remete a questão para o plenário, onde, finalmente, as ações contra Lula foram remetidas à justiça do Distrito Federal, onde deverão ser reiniciadas. Há ainda a possibilidade de as ações serem enviadas para São Paulo, segundo proposta do ministro Alexandre de Morais que será julgada na próxima quinta-feira 22/4. Dada a idade do paciente, 75 anos, essas acusações com certeza irão prescrever. Lula poderá ser candidato às eleições de 2022. Será ele próprio? Apoiará um candidato comprometido com o campo democrático?

A quem serviu toda essa trama? Quais suas consequências? Quem vai pagar por isso? O que representa para o Estado brasileiro?

Seriam muitas páginas para responder a tudo. O que já foi dito ao longo deste texto, há pistas a serem seguidas. As consequências mais graves foram: prisão de um homem inocente, embora não privado de erros e equívocos; desmoralização de parte do Ministério Público Federal e do Judiciário - lembram-se do repto “Aha, Uhu, o Fachin é nosso!”; destruição de milhões de empregos em setores estratégicos da economia e por fim, mas o mais importante a eleição de um psicopata para Presidente da República, responsável por mais de 360 mil mortes até agora, pela destruição de milhões de empregos e da incipiente rede de proteção social ao trabalhador.

Por fim, quanto ódio, desagregação, discórdia, introduzidos na sociedade brasileira para levar a termos os nefastos desígnios dessa gente? Quando tempo para conseguirmos retomar uma democracia plena e solidária?

O ódio é a matéria prima do fascismo. Ele é o alimento da violência e da estupidez.

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