"A vida é de quem se atreve a viver".


Cármem Lúcia (foto) e Henrique Meirelles são apontados para suceder Temer em caso de renúncia
O golpe dentro do golpe

Romário Schettino –

A tese do golpe dentro do golpe no Brasil está se fortalecendo todos os dias. A continuação do golpe com o PSDB no lugar do PMDB é uma leitura que se apresenta. Tudo encoberto com o cinismo dos golpistas que lutam pela sobrevivência. Se não, vejamos.

As Organizações Globo saíram na frente detonando Michel Temer e Aécio Neves com as fitas gravadas pelo dono da Friboi.

A TV Globo não só defende a eleição indireta, prevista na Constituição, como leva para o estúdio apenas os juristas de renome que referendam o óbvio. Não menciona a existência da PEC das diretas. Só falta dizer quem são seus candidatos para o colégio eleitoral.

A cobertura jornalística da grande imprensa, em geral, mostra imagens do povo nas ruas pedindo Fora, Temer! Mas esconde o grito pela Diretas, Já!

De vez em quando tentam os jornalistas-analistas trazer para o centro das denúncias figuras do PT como Guido Mantega, Lula e Dilma.

Mas o esquema golpista não fica por ai. Já circula no Congresso Nacional o nome de Henrique Meirelles, ministro da Fazenda e comandante das reformas Trabalhista e Previdenciária, como candidato ao cargo de Presidente República, caso Temer renuncie.

Meirelles é lembrado também como o ex-membro do Conselho Administrativo da Friboi, para onde foi, em 2012, depois de cumprir quarentena de um ano desde que deixou a presidência do Banco do Central.

Outra figura que circula com desenvoltura, há semanas, antes da explosão das fitas da Friboi, é a ministra Cármem Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal.

Cármem Lúcia tem andado com a agenda cheia. Almoça com um, janta com eminências pardas peessedebistas, reúne-se com empresários para tratar de “questões nacionais”. Ela tem sido citada como outra possibilidade para assumir a Presidência no lugar de Temer.

Nada escapa ao esquema montado para destronar o PMDB de Michel Temer e colocar no lugar o PSDB de Fernando Henrique Cardoso e seus aliados.

O preço dessa revisão do golpe contra Dilma Rousseff está sendo descartar Michel Temer e Aécio Neves, dois trapalhões, incompetentes, que não mostraram a que vieram. Temer não sai dos 8% e Aécio é um inoperante político da pior espécie, enrolado em todo tipo de falcatrua. Os dois, agora, estão com o batom na cueca que faltava.

O Brasil das reformas neoliberais precisa de gente mais afinada com os mentores das grandes estruturas políticas, econômicas e sociais no Estado mínimo.

O outro viés do golpe dentro do golpe é a Lava Jato comandada pelo juiz Sérgio Moro. Recomposto o governo federal, está aberta a porta para a condenação de Lula em primeira instância, mesmo sem provas.

Moro pode, se quiser, condenar Lula por convicção, utilizando-se da tese do domínio do fato etc. Lula condenado pode recorrer, mas o estrago político estará feito e as eleições de 2018 ficam mais distantes para ele.

O movimento social brasileiro ainda está dividido. A demora em unificar todas as esquerdas em torno das Diretas, Já! pode significar que a continuação do golpe estará consumada. Só restarão os discursos inflamados.

A renúncia de Temer é questão de dias.

Aquele discurso do dia 18 foi um canto do cisne, como o de Nixon. A eleição indireta também será rápida, não vão esperar os trinta dias previstos na Constituição para convoca-la.

E assim caminha a frágil democracia brasileira.

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