"A vida é de quem se atreve a viver".


Vida, poeira, tempo.

Maria Lúcia Verdi -

Alguém anota a realidade, aquilo que se explicita reiteradamente, por todos os meios. Entre as portas se vê luz, na mão pincel ou lápis. A realidade, nada a ver com o real, aquilo que foge, aquilo que não sabemos o que é. A História é realidade (Hegel), mas dizem que ela morreu.

O que sobrevive? Às vezes esta consciência nos mata e nem mais a inconsciência nos salva. Tudo foge, escorre, escapa. Graças à tecnologia, um mundo abstrato, líquido, fascinante e assustadoramente mágico nos envolve, nos engole – ele é um berço e um fundo labirinto.

Vida, poeira, tempo. Todos os tempos ao mesmo tempo, online, e nós aqui tentando entender nossa pequena história na História, beliscando nossos corpos, tatuando-os, trazendo para a pele a extensão da fantasia - com dor e sangue preciso demarcar minha subjetividade, mostrar o que sou na tela do meu corpo.

Há um grande custo em ser pós-moderno - ou outro dos tantos codinomes deste século da uniformização – ele nos esgota, nos estressa de tanto quase histérico prazer, tantos intermináveis entretenimentos, tantas infinitas, angustiantes possibilidades.

Todos nós, de cada canto da aldeia, tão uniformizados em tudo, até no gozo solitário e ansioso.

Son pequeñeses - são coisas de nada, bobagens, a maior parte do que escutamos e lemos, o que ocorre na banalidade dos dias, o que ondula no rio da vida.

Mas são sim significativos alguns atos (frutos da compreensão), às vezes uns “quase nada”, que fariam (que fazem) tudo se transformar, criar uma linguagem que apontasse (que aponte) outras saídas para os indivíduos e as sociedades.

Entre portas se vê luz, na mão pincel ou lápis.

Alguém observa o ser, o seu, o de cada um, de cada coisa. Mas há o sol, há a lua bastante próximos, pensa, e esta certeza poderia aquietar-me.

Aguarda, escuta, anota. Percebe a cada dia uma diferença na luz. Pequeñeses também alimentam.

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