Lula lidera com folga todas as pesquisas de intenção de voto no Nordeste, mas quer ampliar ainda mais o leque de alianças
O candidato do PT no Maranhão e o cenário nacional para Lula

Osni Calixto (*) –

São Luís (MA) – O lançamento da pré-candidatura do secretário de Gestão e Previdência, Felipe Camarão, ao governo do Maranhão pelo Partido dos Trabalhadores, e a movimentação política do governador Flávio Dino deram a tônica do que serão as próximas eleições de 2022 no estado. Tudo passando pelas mãos do velho cacique José Sarney com aval do ex-presidente Lula.

O PT agita a corrida eleitoral para a sucessão de Flávio Dino e aproveita a semana do pós-feriado de Finados, com um ato de lançamento da pré-candidatura de Felipe Camarão gerando o fato político mais importante do mês. O ato denominado Avante Maranhão aconteceu quinta-feira, 4/11, no espaço Residencial Recepções, em São Luís, e contou com a presença de políticos, de seis secretários e da militância petista, buscando ampliar o leque de alianças de Luís Inácio Lula da Silva.

O fato oposto que determina a polarização no estado, foi protagonizado pelo deputado federal Josimar Maranhãozinho, do PL, (partido ao qual o presidente Jair Bolsonaro pretende se filiar), com uma carreata no interior do estado. Ele é o único candidato a declarar apoio a Bolsonaro, que tem grande rejeição no estado devido às suas declarações preconceituosas contra o Maranhão e o governador Flávio Dino.

O nome do secretário Camarão, além de ampliar o leque de apoios à candidatura Lula, que recentemente visitou o estado, mexe no tabuleiro da sucessão presidencial e estadual ao mesmo tempo, onde existem outras duas pré-candidaturas já formalizadas no campo político do governador: o vice Carlos Brandão (PSDB), preferido de Flávio Dino, e o senador do PDT, Weverton Rocha, com quem Lula vem conversando. Mas, nos bastidores, tanto o governador Flávio Dino, como a direção nacional do PT trabalham para a unificação das candidaturas em torno de Brandão e o apoio exclusivo a Lula. Tudo isso, passa pelas mãos do proeminente ex-presidente José Sarney.

No Maranhão é assim: depois de todas as articulações e alianças, e de todos os movimentos políticos, o assunto vai à chancela do velho articulador José Sarney. Até mesmo o deputado federal Josimar Cunha Rodrigues, o Maranhãozinho, único candidato declaradamente bolsonarista, já foi “pedir benção” a Sarney.

Pesquisas & Lula

No Maranhão, como de resto no Nordeste, Lula lidera, com folga, todas as pesquisas e vence Bolsonaro em todos os cenários possíveis. A mais recente, realizada pelo Instituto de Pesquisa Exatas, dá ao ex-presidente a margem de 62% das intenções de votos contra 17% de Jair Bolsonaro, além de suplantar a soma dos outros: Ciro Gomes (6%), Sérgio Moro (2%) e João Dória (1%). A polarização é tão marcante, que quando perguntados sobre a rejeição (Em quem você não votaria de jeito nenhum), os dois mudam de posição: Bolsonaro assume a liderança com os 65% de rejeição e Lula tem a segunda menor taxa com 21%, só maior que a de Ciro Gomes, que tem 19%. É neste cenário que Lula vai sedimentando a sua vitória, no Maranhão e em todo o Nordeste com tranquilidade.

Em sua viagem de três dias ao Maranhão, o ex-presidente Lula articulou com todos os segmentos e deixou deixou em aberto as costuras políticas, mas, foi fechar com Sarney a posição do grupo. O ex-presidente quer uma ampla aliança de centro-esquerda que lhe dê a folga necessária para o enfrentamento com o Sul e o Sudeste do país. A coordenação é do governador Flávio Dino, com aval de José Sarney.  A disposição de Roseana – ex-governadora de quem o PT teve o vice – é disputar uma vaga no Congresso. Lula já sinalizou que a quer como deputada federal.

Esta tese tem o aval do presidente do PT estadual Augusto Lobato e do deputado estadual Zé Inácio, que prestigiou o evento petista, mas é certo que o partido manterá a pré-candidatura de Camarão até a convenção oficial ou uma definição de unidade. “É uma questão de estratégia política e de tática eleitoral” argumentou Lobato, lembrando que a prioridade do Partido dos Trabalhadores é a eleição do presidente Lula e a formação de fortes bancadas no Congresso Nacional.
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(*) Osni Calixto é jornaista.