Brigadeiro Átila: "Os militares não podem assumir a condição de cúmplices ou de coniventes de governo que não consegue mais esconder o despreparo para conduzir a Nação."
Brigadeiro da reserva defende afastamento de Bolsonaro

“Aquele que afrontar a Carta Magna precisa ser afastado e punido. Não importa quem seja e a qual dos Poderes pertença", escreveu o brigadeiro da reserva Átila Maia em manifesto à nação, lançado hoje (21/4) em Brasília.

Átila foi candidato a senador no Distrito Federal pelo PRTB em 2018 e apoiava a candidatura de Jair Bolsonaro. Ele teve 135 mil votos e não foi eleito.

Eis a íntegra do Manifesto à Nação Brasileira, em 21 de abril de 2020:

“Hoje, no dia em que a Nação brasileira rende homenagens ao Herói Tiradentes, que deu a vida pelo Brasil, manifesto a minha reação cívica à reunião que nunca deveria ter acontecido, do dia 19 de abril de 2020, ocorrida no Quartel General do Comando do Exército, em Brasília.

Conclamação aos irmãos militares,

Caros colegas que, como eu, integram as fileiras das Forças Armadas, instituição garantidora da Lei e da Ordem: conclamo a todos para se afastarem do governo.

A imagem das Forças Armadas está sendo gravemente prejudicada em razão da confusão de papéis institucionais, pois, todo o profissionalismo que é orgulho das Forças Armadas está sendo comprometido por uma atuação despreparada do Poder Executivo.

Nós somos parcela do povo brasileiro e é preciso que o povo consiga distinguir claramente quem são os militares fiéis à Constituição e ao Brasil, daqueles militares que, eventualmente, optem por se tornarem sectários do governo. Somente estes últimos poderão ser responsabilizados pelos eventuais desmandos que possam vir a ser atribuídos ao governo.

Se não houver essa distinção clara, as Forças Armadas perderão automaticamente a isenção e a legitimidade para agir em prol da garantia da Lei e da Ordem, perante a sociedade.

E a história cobrará muito caro da família militar, como já nos cobrou recentemente, embora de forma injusta.

Os militares não podem assumir a condição de cúmplices ou de coniventes de governos que não conseguem mais esconder o despreparo para conduzir a Nação. Não é essa a nossa missão!

Conclamação ao povo brasileiro,

Nem AI-5, nem intervenção. A nossa solução está na Constituição.

Se queremos um país melhor e decente, não podemos ter preferência por A ou B. Juntos temos que defender a Lei e, portanto, aquele que afrontar a Carta Magna precisa ser afastado e punido. Não importa quem seja e a qual dos Poderes pertença.

Assim, conclamo a cada brasileiro para seguirmos à risca a Lei Maior, não importa quantas ou quais sejam as autoridades que venham a ser impedidas.

Aqui no Brasil não há mais espaço para contravenção e corrupção de qualquer natureza.

Grandes nações se constroem em tempos de crises como estas que vivemos hoje: crise da pandemia de coronavírus combinada com crise política por falhas de liderança, com seríssimas consequências na economia e na falta de emprego.

Os Estados Unidos enfrentaram a Guerra da Secessão na qual milhares de norte-americanos mataram e morreram em uma guerra entre irmãos. Nem por isso o país se esfacelou; pelo contrário, saiu do conflito sangrento com mais clareza acerca dos seus valores e a escravidão foi abolida.

A Revolução Francesa fez milhares de franceses matarem e morrerem em uma guerra fratricida; aquele país também não se desintegrou e, após a crise, a França se reergueu com objetivos mais claros de Liberdade, Igualdade e Fraternidade e a monarquia foi afastada.

Não temamos as soluções previstas na nossa constituição. A nossa sociedade já enfrentou dois processos de impeachment e, depois de cada um deles, a nossa democracia cresceu e se solidificou, sem que tenha sido necessário derramar nenhuma gota de sangue.

O povo brasileiro merece e tem direito a caminhar em direção a um futuro promissor e confortável, marchando em solo confiável, navegando em águas calmas e voando em céu de brigadeiro, tendo sempre como norte a nossa Constituição.”