Honestino Guimarães desapareceu em 1973, até hoje seu corpo não foi encontrado.
A resistência à ditadura na UnB

Inês Ulhôa -

Dia 28 de março, a Editora UnB lança o livro "Paixão de Honestino", de Betty Almeida, que relata a trajetória do líder estudantil Honestino Guimarães, que completaria, nesse dia, 70 anos.

A homenagem inclui o lançamento do livro, uma mesa de debates e exibição de dois documentários sobre sua vida – um realizado pelo CUCA/UNE e ou outro pela cineasta Maria Coeli.

A história e a memória se entrelaçam e se complementam nesta obra biográfica de um dos mais importantes líderes estudantis que o Brasil já conheceu.

Betty Almeida, mesmo depois do desaparecimento de Honestino, buscou relatos da mãe, irmãos, filha, de suas ex-mulheres e de tantos companheiros de luta, além dos arquivos e fontes oficiais para traçar esse relato histórico tão primoroso e fiel aos acontecimentos que marcaram a trajetória do militante que se destacou desde o início por sua combativa intervenção no movimento estudantil.

Na luta pela resistência à repressão e à tirania na Universidade de Brasília durante o período do regime militar no Brasil, mais conhecido como os anos de chumbo, de 1964 a 1985, Honestino Guimarães, que não viveu o suficiente para ver a derrocada do regime que ele tanto combateu, foi um líder inconteste.

A autora recupera a trajetória do militante libertário e traz aos leitores de hoje a reflexão do que essa memória pode significar nos dias atuais para os que ainda lutam por liberdade e por uma sociedade menos injusta e desigual.

“Paixão de Honestino” distingue-se da grande maioria dos livros dedicados a biografias por se propor a trazer à discussão elementos da memória e da “desmemória” brasileira em relação aos anos da ditadura não como uma concepção linear do tempo, mas de como esse tempo pode nos conduzir à intensidade da história vivida por Honestino Guimarães.

Honestino nunca quis a violência, mas foi sua principal vítima. Preso inúmeras vezes, amargou inquéritos que lhe impingiram 25 anos de prisão. Sem alternativa, entrou para a clandestinidade. Sabia que seu destino estava traçado. Mesmo assim, fiel a seus ideais, foi um resistente a se exilar, “para não deixar de cumprir seu papel na História e, sobretudo, para não abandonar os que ficaram”.

Até hoje não se sabe como. Desapareceu em 10 de outubro de 1973 e levou consigo a sua certeza de não aceitar a condição de oprimido e ter como perspectiva o direito à liberdade e à cidadania.

Aos dezoito anos, Honestino escreveu um poema em que diz: “Eu construo a verdade do mundo/ e a busco na igualdade de todos/ e na liberdade do homem./ Pois eu construo a festa/ cantando e lutando por um mundo liberto e igual/ pelo mundo que vai chegar/ com a manhã mais bela que as manhãs todas, / com a festa dos homens livres. E eu luto pela festa do mundo.”
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Serviço:
Dia 28 de março, a Editora UnB lança o livro "Paixão de Honestino", de Betty Almeida, que relata a trajetória do líder estudantil Honestino Guimarães. Honestino Guimarães completaria, nesse dia, 70 anos. A homenagem inclui o lançamento do livro, uma mesa de debates e exibição de dois documentários sobre sua vida – um realizado pelo CUCA/UNE e ou outro pela cineasta Maria Coeli.