Lançamento dia 20/10, às 17h, na Livraria Sebinho (406 Norte, em Brasília). “O Mármore e a Murta”, de Luiz Philipppe Torelly, conta histórias dos jesuítas e dos bandeirantes no Século XVII
Os muitos Vieiras

Com lançamento marcado para o dia 20 de outubro, às 17h, na Livraria Sebinho (406 Norte, em Brasília), o livro O Mármore e a Murta – Antônio Vieira, de Luiz Philipppe Torelly (*), conta histórias dos jesuítas e dos bandeirantes no Século XVII. Agende.  

Denominado por Fernando Pessoa como o Imperador da língua portuguesa e por Charles Boxer, historiador inglês, como “merecedor de um lugar de honra não apenas na história do Brasil e de Portugal, mas da civilização ocidental”, Antônio Vieira (ilustrações, abaixo) foi o mais destacado religioso, cronista, missionário, literato e profeta de seu tempo.

Nascido em Lisboa em 1607, viveu por 89 anos e escreveu mais de 700 cartas, 200 sermões e 2 livros, A História do Futuro e A Chave dos Profetas. Seus sermões são de tal qualidade e fama, que após quase 400 anos continuam sendo exemplo de poesia, e alta qualidade literária.

Atravessou o Atlântico sete vezes, em tempos em que as viagens marítimas eram de alto risco. Morou no Brasil por quase 50 anos, onde desenvolveu parte considerável de sua obra, referência obrigatória para entender a dinâmica da colonização e o mundo ibérico de então.

Um mergulho em seus escritos vai nos revelar muitos episódios de rara sensibilidade e coragem intelectual, expressos no uso hábil das palavras, de alegorias, metáforas e silogismos, imersos na complexa sintaxe e dualidade barrocas. Vieira ainda é um tomista, pertencente à tradição escolástica de São Tomás de Aquino e seus seguidores, dominantes na Península Ibérica e no seio das congregações católicas em oposição a Reforma Protestante. Em alguns locais, as primeiras luzes do Iluminismo começavam a acender, mas seus brilhos ainda não haviam chegado a Portugal e ao Brasil.

À medida da leitura de sua vasta produção literária e fortuna crítica, um outro Vieira emerge. Não apenas o pregador virtuoso, orador incomparável, defensor dos índios e dos pobres. Mas o homem de estado, para quem algumas vezes os fins justificavam os meios, diante dos intrincados conflitos da época, motivados pelos diferentes projetos coloniais das potências europeias.

Questões como a escravidão africana e indígena, o comércio ultramarino, a Inquisição, a Contrarreforma, o Milenarismo, a perseguição aos judeus, o Bandeirismo e as relações da Companhia de Jesus com os colonos e o governo português irão expor as reflexões, amplitude, atos e contradições de sua obra.

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(*) Luiz Philippe Torelly é escritor, arquiteto e urbanista. AnnaBlume Editora.