O Brasil está cheio de pessoas "de bem", tudo gente ruim, filhotes da Peste com a Gangrena, santinhos de pau oco
“Para mim tanto Pfizer”

Antônio Carlos Queiroz (ACQ) –

Vocês já notaram que as pessoas “de bem” em geral, com as honrosas exceções de praxe, quer dizer, pró-vida, contrárias ao aborto e à eutanásia, costumam ser a favor do armamento da população, da pena de morte e da execução sumária de quaisquer viventes que tomam por “bandidos” (isto é, que não sejam nem policiais nem milicianos)?

Comentário à margem: por falar em bandidos de vera, alguém aí tem notícias do sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, aquele carinha da comitiva do presidente Bolsonaro preso em Sevilha em junho de 2019 por contrabandear 39 quilos de cocaína?

Essa gente não está nem aí para os 420 mil mortos na pandemia nem se preocupa com a probabilidade desse número estar duplicado até o fim do ano.

A turma sai na rua sem máscara, defende o tratamento precoce da cloroquina, pilota motos sem capacete e repete as patacoadas do seu Capo, como essa última: “Preferimos morrer lutando a perecer em casa”. “Lutar”, no caso, significa promover festas clandestinas ou aglomerações públicas e carreatas de SUV para esculachar o Supremo e o Congresso, pedir o voto impresso e a volta da ditadura.

Engraçado, não se percebe nenhuma movimentação desses caras em defesa do general de três estrelas Eduardo Pazuello, ex-ministro do Coronavírus, com o depoimento agendado para a CPI da Pandemia no próximo dia 19.

Como é que é? Não pode chamar o Papazu de “general” para não provocar o Exército? Mas rapá! Será que isso é mais grave do que computar (e segue a contagem...) as baixas equivalentes a quatro guerras do Paraguai? 

Ah, antes que esqueça: escolher vacina é outro traço interessante do caráter desses filhotes da Peste com a Gangrena – refiro-me aos mais espertinhos, bem entendido. Hoje cedo encontrei a Dona Santinha do Pau Oco, aquela minha vizinha católica avivada vivaldina pró-vida. Perguntei:

– Já vacinou, Dona Santinha?

– Ainda não, seu Carlos. Tô esperando a minha vez.

– Mas, Dona Santinha, a sua fila não abriu dia 30? Vai me dizer que a senhora está escolhendo vacina!

– Que isso, seu Carlos, imagine, pra mim tanto Pfizer!