Haddad e Bolsonaro o segundo turno mais dramático da história
Segundo turno: Haddad 29% x Bolsonaro 46%

Romário Schettino –

Com o fim das apurações, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou, neste domingo (7/10), os dois candidatos que irão para o segundo turno, a ser realizado no dia 28 de outubro. Fernando Haddad, Coligação Povo Feliz de Novo, PT-PCdoB-Pros), que obteve 29% dos votos válidos, vai disputar com Jair Bolsonaro, da Coligação Brasil Acima de Tudo, Deus Acima de Todos (PSL-PRTB), que recebeu 46% dos votos.

Essa diferença de 17% em favor de Bolsonaro exige de Haddad uma completa revisão de sua estratégia de campanha, busca de alianças no campo progressista (PDT, PSol, PSB e REDE) e mais partidos e lideranças de centro. São cerca de 17 milhões de votos a serem conquistados e isso é uma tarefa de grande monta.

O antipetismo encarnado por Bolsonaro se alastrou por lugares nunca antes imaginado. Isso ocorreu com tamanha virulência que qualquer analista pôde chegar à conclusão de que se tratava de uma campanha tipicamente nazi-fascista, com requintes de crueldade. Notícias fakes nas redes sociais, xingamentos e ameaças violentas.

Mas agora a busca pelo voto recomeça. Grande ajuda para o petista serão os governadores eleitos na Bahia, Ceará, Piauí e Pernambuco, além dos bem posicionados no Rio Grande do Norte e Alagoas. As derrotas de Fernando Pimentel e Dilma Rousseff em Minas Gerais, Eduardo Suplicy em São Paulo e Lindbergh no Rio de Janeiro, são complicadores, mas todos eles tiveram um número de eleitores consideráveis, o que não deixa de ser um capital eleitoral importante.

A tendência dos eleitores de Bolsonaro é manterem-se fieis, a não ser que a sua desconstrução durante os debates seja eficaz. Outra fonte de novos votos para Bolsonaro são os dos partidos derrotados (Podemos, Novo etc) de direita ou de extrema-direita, como o dele. Em um vídeo gravado para a internet Bolsonaro volta a atacar as urnas do TSE alegando que se "não fosse alguns problemas" teria ganhado no primeiro turno. O TSE tem que responder a essas insinuações.

Mas Haddad pode conquistar votos ainda entre os que se ausentaram no primeiro turno, ou votaram em branco ou nulo. Tudo vai depender de como o petista vai se apresentar novamente aos eleitores.

Um reforço importante na campanha de Haddad será o senador eleito pela Bahia, Jaques Wagner. Experiente na política, comandou a quarta vitória consecutiva do PT na Bahia e estará livre para reorganizar a campanha de Haddad e costurar alianças fundamentais. O PT terá que ter um olho no mercado e outro nas políticas públicas sociais, tão bem criadas por Lula em seus dois governos. O candidato do PT terá, também, que aprofundar as críticas que sempre fez aos erros de Dilma Rousseff e se desfazer da imagem de mero ventríloquo de Lula. Verdade ou não, foi o que ficou estampado na mídia.

Qualquer um que ganhar este segundo turno encontrará um Congresso Nacional, parcialmente renovado, mas com a chegada de parlamentares da pior espécie. Prova de que não basta renovar, tem que ter qualidade.

As campanhas retomam nesta segunda-feira e os desafios são grandes, desde combater as fake news espalhadas pela internet até conter a onda de violência que se espalhou Brasil afora por militantes da ultradireita armados até os dentes.

A esperança é que o Brasil chegue ao fim destas eleições em condições de continuar existindo como nação civilizada. Caso contrário, será a barbárie.