Freixo: “É hora de colocarmos as nossas divergências em segundo plano para resgatarmos o nosso país do caos e protegermos a vida dos brasileiros."
Freixo deixa o PSOL para ampliar a luta contra Bolsonaro

Romário Schettino -

Em uma nota pública, o deputado federal Marcelo Freixo explicou hoje (11/6) por que deixou o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), onde ficou filiado durante 16 anos (desde 2005), e foi para o Partido Socialista Brasileiro (PSB).

É uma nota política, equilibrada, preocupada em não romper alianças e empenhada em construir novas pontes. Freixo é um político experiente e viu que no PSOL suas chances de sair candidato a governador do Rio de Janeiro numa ampla aliança de centro-esquerda teria dificuldades internas, sobretudo no setor mais sectário do partido.

Freixo, como já era previsto, foi o segundo a deixar o PSOL nos últimos dias. Antes dele, saiu o ex-deputado federal do PSOL do Rio, Jean Wyllys, que se filiou ao PT.

Em seu comunicado de despedida do PSOL, Freixo disse que “é urgente a ampliação do diálogo e a construção de uma ampla aliança com todas as forças políticas dispostas a somar esforços na luta contra o bolsonarismo.”

A ida de Freixo para o PSB faz parte de uma estratégia de viabilizar sua candidatura ao governo do Rio com apoio de Lula-PT, PCdoB, PSOL, PDT, PSD, setores do DEM e do PSDB, além de outras siglas menores.

“É hora de colocarmos as nossas divergências em segundo plano para resgatarmos o nosso país do caos e protegermos a vida dos brasileiros. As eleições de 2022 serão um plebiscito nacional sobre se a Constituição de 1988 ainda valerá no Brasil, por isso nós democratas não temos o direito de errar: do outro lado está a barbárie da fome, da morte e da devastação”, escreveu Freixo.

A seguir, íntegra da nota:

“Ingressei no PSOL em 2005, antes de me eleger deputado estadual pela primeira vez. De lá para cá, compartilhamos uma bela história e colocamos o partido no centro da luta pela democracia brasileira. Juntos, fizemos as CPIs das Milícias, do Tráfico de Armas e Munições e dos Autos de Resistência; enfrentamos com coragem os governos Sergio Cabral e Pezão; colocamos a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa a serviço dos esquecidos pelo poder público; disputamos a prefeitura do Rio de Janeiro numa linda campanha que encantou nossa cidade e fomos ao front contra o governo Bolsonaro. Mais do que companheiros de luta, as pessoas com quem construí o PSOL são amigos com quem divido projetos de vida.

Hoje, encerro esse ciclo com a certeza de que apesar de não estarmos juntos daqui para frente no mesmo partido seguiremos na mesma trincheira de defesa da vida, da democracia e dos direitos do povo brasileiro. Essa decisão foi longamente amadurecida e tomada após muito diálogo com dirigentes nacionais e estaduais do partido, a quem agradeço pelas reflexões fraternas que compartilhamos nesse processo.

Os graves retrocessos institucionais e humanos provocados por Bolsonaro em apenas dois anos de governo impõem novos desafios à democracia e à atuação do campo progressista. É urgente a ampliação do diálogo e a construção de uma ampla aliança com todas as forças políticas dispostas a somar esforços na luta contra o bolsonarismo. É hora de colocarmos as nossas divergências em segundo plano para resgatarmos o nosso país do caos e protegermos a vida dos brasileiros. As eleições de 2022 serão um plebiscito nacional sobre se a Constituição de 1988 ainda valerá no Brasil, por isso nós democratas não temos o direito de errar: do outro lado está a barbárie da fome, da morte e da devastação.

Seguirei nessa caminhada, me dedicando à construção de pontes, reafirmando o valor do diálogo e o papel da política como meio de resolvermos de forma pacífica os problemas do nosso país. O nosso dever histórico é derrotar Bolsonaro nas urnas e o bolsonarismo enquanto projeto de sociedade. E sei que o PSOL e eu estaremos do mesmo lado para cumprir com essa tarefa.”