Prédio irregular de quatro andares desaba no Rio das Pedras, zona miliciana do Rio de Janeiro, e mata pai e filha de dois anos
Ausência do estado provoca mortes em desabamento no Rio

Romário Schettino –

Às vésperas do Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, mais uma tragédia ocupa as páginas dos jornais. Prédio de quatro andares, irregular, no Rio das Pedras, Zona Oeste do Rio de Janeiro, território dos milicianos bolsonaristas, desaba e mata pai e filha de dois anos e 8 meses. A mulher foi retirada com vida e levada para um hospital e, segundo a imprensa, o estado de saúde dela é grave.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), em sua conta no twitter, disse que o desabamento tem uma explicação: “Sabem por que cai tanta casa na Zona Oeste do Rio, como agora em Rio das Pedras? Porque na periferia autoridades terceirizam, há décadas,  as `políticas públicas de habitação´ ao crime. Quem tem que construir casa popular é o governo, mas o Rio de Janeiro foi leiloado ao crime organizado”.

O vereador Luiz Otoni Reimont (PT-RJ) também acha que, de fato, o Rio de Janeiro deve muito na questão ambiental e habitacional. “Há avanços sobre o que a gente chama de ecolimites, que são as matas nativas e as áreas de preservação. Esses avanços sempre colocam em risco a vida dos pobres”.  

Reimont disse que “às vezes a gente pensa que são os pobres que estão invadindo, mas na verdade são empresas incorporadoras nada democráticas, nada convencionais, ligadas a milicianos, que constroem e não moram nas áreas invadidas. Fazem desses espaços apenas uma mercadoria.” Como tem acontecido na região do Rio da Pedras. Este último caso ainda está sob investigação.

“A secretaria Municipal de Habitação e a Secretaria de Planejamento Urbano têm agora uma grande tarefa. Esse é o ano do Plano Diretor da cidade do Rio e no capítulo das questões ambientais temos que discutir a moradia adequada buscando diminuir as ocupações ilegais. É fundamental ter um Plano de Habitação de Interesse Social (PHIS)”, defende o vereador.

Outra questão que incomoda os cariocas é qualidade dos ônibus urbanos. Reimont admite que a poluição sonora no Rio é um fato a ser combatido. “Temos ônibus mal conservados, barulhentos, e poluidores do ar. Para encontrarmos solução para esse desconforto é preciso abrir a caixa secreta das empresas de ônibus. Eu já participei de duas CPIs na Câmara dos Vereadores, mas infelizmente ainda continuamos sob a égide da máfia das empresas do transporte urbano.”

Reimont diz que “o prefeito Eduardo Paes (DEM) tem feito alguma coisa com os BRTs, mas isso não basta. Temos uma frota sucateada, atrasada, precisamos modernizá-la. O mundo trata hoje o transporte urbano de uma maneira muito mais civilizada. É preciso rever a quantidade de pessoas transportadas nos ônibus, e pensar no número de ônibus que transita. Mas é fundamental ter transparência nos contratos das empresas do transporte coletivo do Rio de Janeiro”.

Para comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente, Reimont acha que essa luta é essencialmente da sociedade civil. “Quando o povo participa, as coisas acontecem”, ressalta. Para confirmar o que disse, ele lembra a tentativa de se construir um autódromo na Floresta do Camboatá: “A população mobilizada impediu a obra e agora a floresta é uma área de preservação ambiental”. Outra luta importante é a que defende o Parque 100% Realengo Verde.