Com a decisão do STF, a imprensa corporativa não sabe o que fazer com o power-point do Dallagnol
Lula livre estremece o sistema

Romário Schettino –

A confirmação de que os processos contra Lula na Lava Jato foram extintos por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal (STF) provocou frisson na imprensa corporativa e nos meios políticos. Essas pessoas procuram, desesperadamente, por uma terceira via.

No Palácio do Planalto, a coisa tomou as costumeiras proporções. Bolsonaro esbravejou, xingou todo mundo e fez ameaças: “Isso que está aí não vai ser possível continuar”. Hã, entenderam? Ninguém sabe a que ele se refere porque não são palavras de um estadista, mas de um provocador barato, amante da instabilidade e do caos.

Bolsonaro fala para sua turma com o objetivo de garantir o eleitorado, que, aliás, vem diminuindo a cada derrota política e jurídica. Mesmo assim, Bolsonaro não é desprezível eleitoralmente. Ele, que tem a chave do cofre, e Lula, que possui história e experiência acumuladas, ainda são os nomes nacionais de maior visibilidade.

A novidade dramática da semana foi a reação de Bolsonaro à decisão da ministra Carmem Lúcia, que deu cinco dias para o presidente da Câmara, Arthur Lira, dizer por que não instalou processo de impeachment contra o presidente. Numa daquelas laives, que mais parece a de um refém falando de um esconderijo secreto – só falta o capuz –, Bolsonaro disse: “Só Deus me tira da Presidência”.

Imediatamente circularam na internet piadas mostrando Lula como aquele que pode operar esse milagre (foto) e livrar o Brasil do pesadelo que as classes dominantes vêm alimentando desde 2013.

Mas, voltando aos efeitos da decisão do STF sobre o futuro na nação. É curioso que analistas na televisão, jornais, portais e revistas insistem em dizer que a decisão do STF não entrou no mérito e que considerar Lula inocente destrói o que eles chamam de brilhante trabalho da Lava Jato no combate ao maior esquema de corrupção da história.

Na verdade, eles não sabem o que fazer com o power-point do Dallagnol, endeusado por todos os anti-Lula. Talvez devessem enfiá-lo naquele lugar aonde não bate sol.

Esses sanguessugas da vida nacional estão prevendo uma enxurrada de pedidos de revisão de sentenças para liberar corruptos das prisões, como se isso fosse automático.

Convenhamos, um erro judicial não pode ser corrigido a tempo de salvar uma reputação? Lula ficou injustamente preso durante 580 dias, teve seu nome achincalhado durante cinco anos por um juiz suspeito em uma vara incompetente. Retiraram dele o direito de concorrer em uma eleição, numa vergonhosa manobra que uniu o juiz suspeito e a imprensa pra lá de corrompida.

O que esses analistas e políticos de direita querem é afastar qualquer possibilidade de Lula ir para o segundo turno com Bolsonaro. Por isso, procuram construir um nome competitivo vendendo a ideia de que Lula é o diabo e Bolsonaro o chefe do inferno.

O problema é que não podem esconder que Lula sabe governar, já demonstrou isso. Bolsonaro, não sabe e não quer governar, quer atazanar a vida de todos e todas. Envergonha o Brasil mundo afora e destrói o país.

Essa turma, que reúne Doria, Huck, Mandetta, Ciro Gomes, Moro, dificilmente construirá uma unidade no primeiro turno. Lula costura com Dino, PCdoB, PSOL, PSB, e alguns setores do MDB e do PSDB. A eleição em dois turnos dá essa possibilidade.

A bola está de novo em campo, Lula organiza seu time. Bolsonaro esbraveja na beira do gramado xingando o juiz. Pode ser expulso. Os bandeirinhas escolhem de que lado querem ficar. O Brasil resiste à incompetência bolsonarista e exige providências na saúde, na economia, na segurança.

O resto é com o eleitorado e com quem tem a obrigação de trabalhar por um país melhor, mais justo e orgulhoso de si mesmo.