Lula saiu de dois mandatos com uma aprovação popular incontestável
2022 não é 2018

Sandra Crespo –

Depois da decisão do ministro Edson Fachin, vejo que é recorrente, entre analistas políticos da TV e jornalões, a ideia de uma “repetição da disputa de 2018 como sendo uma polarização que interessa a Bolsonaro”. Será mesmo?

Vejamos: em 2018, Dilma já tinha sido golpeada, a Lava Lato era a queridinha da mídia, elites e classe média.

Em 2018, Lula estava preso, depois de gigantesca campanha de destruição de sua reputação pública. E Lula é um ex-presidente que saiu de dois mandatos com uma aprovação popular incontestável.

Em 2018, Fernando Haddad, um político pouco conhecido, foi lançado candidato três semanas antes do 1º turno - e na porta da cadeia da PF onde Lula cumpria pena. Mesmo assim, foi Haddad a ir ao 2º turno, tendo 47 milhões de votos.

Em 2018, a histeria antipetista levou  Bolsonaro ao 2º turno. E à vitória contra o candidato do PT.

Mas em 2019, o “herói nacional Sérgio Moro virou ministro do sujeito que se elegeu por causa da condenação de Lula pelo próprio Moro.

Em 2019, a Vaza Jato começou a desnudar a farsa da Lava Jato.

Em 2021, Bolsonaro continua presidente. Temos um país sistematicamente destruído a cada dia, desde a posse.

Temos uma mídia perplexa e indignada e um mercado perplexo.

Temos uma pandemia. Temos quase dois mil mortos por dia. Temos “na casa da tua mãe” e “vão chorar até quando?”

Temos muita vergonha e muitos motivos para lamentar, todos os dias.

(Deixo as conclusões para cada um que teve saco pra chegar até aqui).

Em tempo: Pessoalmente, eu preferiria que o campo progressista tivesse outros nomes tão competitivos quanto o do Lula. Seria mais saudável para a democracia, a meu ver.