Sandra Crespo: “Lula e Dilma nomearam os PGRs escolhidos pelos seus pares. E o que eles ganharam com isso? Ganharam a pecha de terem “aparelhado” o Estado em seus interesses próprios”.
O PT é mesmo o mais corrupto?

Sandra Crespo –

Os governos do PT tiveram alguns erros - mas os acertos foram predominantes. O maior desses acertos refere-se à inclusão. Milhões de pessoas passaram a ter vida digna, com emprego, crédito e direito de ver seus filhos estudarem - seja nas universidades públicas e privadas, seja nos institutos técnicos de educação.

O outro acerto que acho bacana dos governos petistas é o do republicanismo. Esse, por sinal, foi solene e perenemente ignorado pela imprensa brasileira. Trata-se, primeiro, da decisão de Lula - seguida posteriormente por Dilma Rousseff - de escolher o 1º da lista tríplice para a Procuradoria-Geral da República.

O fato: nunca antes na história deste país o PGR fora escolhido pelo(a) presidente(a) com base na escolha de seus pares. Aliás, lembremos que o PGR mais notável do governo FHC foi um cidadão chamado Geraldo Brindeiro. Que, por ter ignorado denúncias graves como a compra de deputados para a emenda da reeleição do presidente, ficou conhecido como o Engavetador-Geral da República.

Pois, pois. Lula e Dilma, estadistas que foram, escolheram os PGRs sufragados pelos seus pares. Os primeiros da lista tríplice.

E o que eles ganharam com isso, além de processos e perseguições? Ganharam a pecha de terem “aparelhado” o Estado em seus interesses próprios.

Sem contar que os governos petistas criaram a Controladoria-Geral da União, órgão independente do Executivo, para exercer controle externo sobre o serviço público.

A CGU investigou e puniu, exonerando centenas de servidores a bem do serviço público. Quando Temer tomou o poder pelo golpe, uma das suas primeiras medidas foi retirar a independência da CGU ao governo, tornando-a um órgão “para inglês ver”.

Desde o golpe de Temer, ninguém questiona a escolha do PGR. A imprensa acha “natural” até a escolha de procurador que nem esteja na lista tríplice. E, agora, a própria autonomia universitária foi jogada no lixo. O “mito” escolhe o reitor amiguinho, para impedir a balbúrdia.

A CGU não mais existe. O importante mesmo é dizer, em colunas, artigos e editoriais, todos os dias, que os governos do PT “foram os mais corruptos da história”.

E assim vamos nadando no esgoto da hipocrisia. Os pobres perdem o emprego e os mínimos direitos. Os jovens perdem o futuro. O Brasil perde seu patrimônio.

Mas o que vale é a versão.

Então, imagino que está todo mundo muito feliz agora. Só eu e alguns amigos que não concordamos. Beleza. Tchau, nos vemos no inferno.