VLT, BRT, metrô até a Asa Norte e terminais
GDF promete mobilidade urbana com Circula Brasília

Romário Schettino -

GDF retoma a ideia da implantação do bilhete único, rede integrada de transporte, obras de estradas, viadutos, terminais rodoviários. Tudo isso faz parte do diagnóstico e do plano de ação da Secretaria de Mobilidade (Semob).
 
O secretário Fábio Ney Damasceno, engenheiro, paulista de nascimento e com passagem pelo governo do Espírito Santo, chegou há um ano em Brasília, a convite do governador Rodrigo Rollemberg (PSB), para traçar um plano de mobilidade para as próximas décadas no quesito mais requisitado pela população nos últimos anos.

“Com 2,9 milhões de habitantes e 1,7 milhão de automóveis, Brasília em breve entrará em colapso se algo não for feito já”. Foi assim que o secretário iniciou hoje, terça (8/11), sua palestra no Sindicato da Construção Civil do DF (Sinduscon).

Em função de seu traçado original e diante da falta de políticas adequadas para os outros modos de transporte (ônibus, metrô, ciclovias e calçadas viáveis), a cidade tem o maior índice de crescimento do número de automóveis do país. Em dez anos, a quantidade de carros em Brasília cresceu 100%,

Ney Damasceno promete o melhor dos mundos: sistema de transporte para pessoas com deficiência, tecnologia de ponta para o controle do horário dos ônibus, semáforos inteligentes, abrigos de ônibus novos e confortáveis, readequação das calçadas, prioridade para os modos de transporte não motorizados com melhorias das condições de tráfego e segurança para pedestres e ciclistas.

A pergunta é: para quando? Sobre isso o secretário não tem resposta imediata, remete tudo para os projetos em execução, planejamento de Estado para os próximos anos, ou décadas. O secretário imagina deixar algo de permanente nas ações deste governo e para o próximos que vierem.

O diagnóstico é quase perfeito e as intenções as melhores possíveis, mas as obras em curso já geraram polêmicas de toda natureza, a começar pelo Trevo de Triagem Norte, que não previa ciclovias e destruiu nascentes na região, segundo os anti-rodoviaristas e ecologistas locais.

Outra previsão polêmica no plano do secretário os dois VLTs (Veículo Leve sobre Trilhos). Um que vai da Rodoferroviária à Rodoviária, e o que atravessa as avenidas W3 Sul e Norte. Essa questão ainda vai dar muita dor de cabeça, já que precisa do acordo do IPHAN.

Ao ser questionado pela Associação Andar a Pé – O Movimento da Gente, recém criada em Brasília, sobre as previsões para o Eixão [rodovia de alta velocidade no centro da cidade] e suas passagens subterrâneas intransitáveis, o secretário Fábio Ney remeteu o assunto para o debate com a comunidade. Ele não tem nada contra os semáforos, nem contra a ampliação das passagens subterrâneas para torná-las mais seguras e confortáveis. Mas acha difícil e complicado pensar em passagens aéreas.

No entanto, esse debate dependerá do nível de pressão que a sociedade fizer. Da mesma forma é o que se espera para que se encontre solução para a interligação de ônibus, ou micro-ônibus,  no sentido Leste-Oeste e vice-versa no Plano Piloto. As chamadas Zebrinha não funcionam, pois possuem trajetos irracionais jamais visto numa metrópole.

A rede integrada de transporte , que vai viabilizar a implantação do bilhete único, inclui a construção de BRT, VLT, ampliação do metrô até o final da Asa Norte e os terminais de integração (veja o mapa).

Fábio Ney inspira-se em experiência exitosa como a de São Paulo, que corre sérios riscos de ser interrompida com a eleição de João Dória (PSDB). Mas ele pensa também em outras como as de Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte. “Brasília é a Capital da República, deveria ser o modelo, e não é. Isso precisa ser corrigido”, diz o secretário.

A “Associação Andar a Pé – O Movimento da Gente” também tem sua leitura crítica e pretende contribuir organizando debates para formular políticas públicas efetivas, que respeite o pedestre e dê a ele a prioridade que merece. Campanhas educativas devem ser feitas para a mudança de hábito vinculado ao uso do carro. Uma das bandeiras da Andar a Pé, por exemplo, é transformar o Eixão numa avenida. O desafio está lançado.