Celina Leão, sob fogo cruzado, diz que não renuncia
Velhos escândalos, novas caras

Romário Schettino -

O sonho de Celina Leão (PPS) de se reeleger presidente da Câmara Legislativa, que já vinha sendo derrotado, acabou de vez, foi pro brejo. As fitas gravadas pela sua vice-presidente Liliane Roriz (PTB), que já renunciou ao cargo, são devastadoras.

O nível das conversas reveladas pela imprensa chega ao mais baixo. Desprezo pelo interesse público, desrespeito aos cidadãos e comprometimento total da ética.

Não tem remédio, Celina, se não renunciar à Mesa, terá imensa dificuldade de continuar presidente com a mesma empáfia de antes, pensando em dar saltos maiores (governadora, quem sabe?). 

Ao romper com o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), responsável pela sua condução ao pódio legislativo, Celina tenta repetir no DF o que Eduardo Cunha fez com Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados.

A diferença é que o PT-DF, ao contrário do PSB nacional, que apoia o golpe político contra Dilma, não está disposto a sustentar a abertura de processo de impeachment contra o Rollemberg tendo como base apenas a indisposição pessoal da deputada Celina Leal e seus aliados.

Pelo contrário, o PT-DF está disposto a apoiar para presidente da Câmara Legislativa um deputado mais próximo de Rollemberg, como Agaciel Maia (PTC), atual suplente da primeira secretaria. As negociações estavam em curso. O que não se sabe é se continuam na atual conjuntura.

O que divide os petistas ainda é a decisão de indicar, ou não, nomes para compor secretarias no governo. Uma delas seria a nova Secretaria da Mulher, que Rollemberg tirou da supersecretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEDESTMIDH).

NOVA POLÍTICA - Se Rollemberg pensava que seria fácil governar Brasília, já descobriu que essa cidade é quase ingovernável. O que ele chamava na campanha de “nova política” não passou de um sonho.

O toma-lá-dá-cá continua, só mudam alguns personagens, o sistema é o mesmo da velha e bolorenta política. O jornalista Hélio Doyle chama isso de “negócios legislativos”, uma forma educada de denominar  antigas práticas nefastas do poder.

AS FITAS - Liliane Roriz está sendo processada na Justiça, condenada em primeira instância, e com ameaça de perda de mandato por falta de decoro parlamentar.

Liliane não perdoa a infidelidade de Celina, que nasceu e cresceu politicamente na cozinha da família Roriz, por isso gravou conversas comprometedoras desde dezembro do ano passado e agora decidiu entregar tudo para o Ministério Público. Ou seja, jogou caca no ventilador.

Tem jogo para todos os gostos. Celina ameaça Rollemberg e sua esposa por causa das denúncias de Marli, presidente do SindSaúde, envolvendo o vice-governador Renato Santana (PSD).

A Câmara Legislativa abre uma CPI para investigar tudo, mas dois de seus membros estão citados nas conversas gravadas. “Todos deveriam renunciar, ou se afastar de seus cargos”, diz o deputado petista Chico Vigilante. No mundo civilizado essa seria a única atitude possível, mas nem pensar, jamais farão isso.

Enquanto isso, a cidade continua semiparalisada, a máquina governamental funciona a passos lentos e o GDF não mostrou a sua cara, um ano e meio depois de ter mudado de ocupante pelo voto popular.

Apenas esperar por 2018 é algo desesperador. Não aguentamos mais tanta seca.