Lula: "Os golpistas odeiam os pobres"
Lula, um candidato em campanha

Romário Schettino -

Lula pode não ter mais a quase unanimidade que tinha quando terminou o seu segundo mandato como presidente da República, mas continua um líder que agita multidões.

Com o “vigor de um jovem de 30 anos”, como ele se refere a si mesmo aos 71 anos, fez na noite de hoje (12/1) uma retrospectiva dos 12 anos do governo petista e desafiou aqueles que porventura ainda querem impedir sua candidatura, ou, quem sabe, sua vida política no Brasil.

Lula abriu o 33º Congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães em Brasília. Auditório cheio e receptivo, à exceção de alguns militantes da central Conlutas, que não vêem nele a liderança de seus sonhos.

A cada frase de Lula contra os golpistas, contra a PEC dos gastos, contra a reforma no ensino médio, palmas e palavras de ordem: “Vai ter luta”.

O discurso tinha endereço certo, afugentar qualquer tentativa de impedi-lo de se candidatar em 2018, ou em 2017, caso a tese da antecipação das eleições ganhe corpo. As sucessivas crises no governo Michel Temer podem levar a isso.

O ex-presidente destacou que no seu governo estava proibido falar em educação como despesa, mas sim investimento. Por isso, triplicou a participação do setor no Orçamento e lamentou a mudança na Lei do Pré-Sal, que destinava 75% dos royalties para a educação.

De todos os retrocessos surgidos após o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, atribuído por Lula ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, hoje preso por corrupção, o que mais incomoda Lula é o que vem junto com o ódio das elites brasileiras à inclusão social promovida por seu governo.

Lula acha ultrajante que certos setores da classe média brasileira tenha reclamado que os aeroportos ficaram cheios de pobres, como se fossem rodoviárias; que as universidades estejam cheias de trabalhadores que nunca tiveram chance de estudar. “Todos esses preconceituosos acham que pobre só serve para ser pedreiro. É falso, pobre também pode ser doutor, é só dar a ele essa oportunidade. E nós demos”, afirmou.

Na avaliação internacional, Lula destacou o prestígio do Brasil durante seu governo e todos os avanços sociais que são copiados até hoje em várias partes do mundo.

Nesse tom, do início ao fim, Lula passou a ideia, para centenas de professores que participam do Congresso da CNTE, de que a jararaca está mais viva do que nunca.

Vai para o confronto e espera ganhar, se não as próximas eleições como candidato a presidente da República (as pesquisas até agora são favoráveis a ele), a chance de ser o principal eleitor da chapa que mais se aproximar de suas ideias. A ver.