Antônio Carlos Queiroz (ACQ) –
Desço ao inferno
com Alejandra Pizarnik,
a tristeza em figura de gente
nada más
Um anjo esfarrapado, náufrago,
com sono, agarrado a palavras
emitidas por um pensamento
feito tábua de salvação
Saqueio os seus versos
para tecer esta colcha
de escombros –
E quase sufoco!
Dile que los suspiros del mar
Humedecen las únicas palabras
Por las que vale vivir.
Desde a infância, “verde paraíso”,
infusa de muerte, entesourava
palavras muito puras
para criar novos silêncios
Palavras que douravam
ao negro sol do silêncio
Trabalhava o silêncio
e dele fazia chama
Tinha como certo o silêncio
e por isso escrevia. Sozinha
escrevia mas não estava só –
Hay alguien aquí que tiembla
Falava quando as palavras
já não guarneciam,
quando voava o telhado
da casa da linguagem
Foi enamorada das palavras
que criam noites pequenas
no incriado do dia
e seu vazio feroz…
Escribes poemas
porque necesitas
un lugar
en donde sea lo que no es
Atravessava o canto
(melodía en los huesos)
como um túnel
Compunha pequenas canções,
miedosas del alba
Escrevia contra o medo,
contra o vento com garras
que se alojava na respiração
Caía como um animal ferido
no lugar que seria de revelações
Buscava nas memórias e nada,
nada debajo de la aurora
de dedos negros
Teve muitos amores
e o mais formoso
foi seu amor pelos espelhos
Tinha olhos que se abriam
só para avaliar a ausência
Era tão triste como
quando se abre uma flor
revelando o coração que não tem
¡Cansada de Dios!
alejandra alejandra
debajo estoy yo
alejandra
Silêncio & Morte –
La muerte siempre al lado.
Escucho su decir.
Sólo me oigo.
Palavra, Morte & Poesia –
La muerte es una palabra.
La palabra es una cosa,
la muerte es una cosa,
es un cuerpo poético que alienta
en el lugar de mi nacimiento.
A morte companheira
nas visões do nascimento –
a morte azul, a morte verde,
a morte rubra, a morte lilás
Queria ficar querendo ir
Aceitou por fim o convite
Cavou a liberdade de ser só cinza
No quiero ir
nada más
que hasta el fondo
Sua memória é a noite
mas o vaso de flores renasce
sob a sombra da catacumba