Lula quer ser ouvido no TRF 4. Mais de cem mil assinaturas afirmam em documento que “eleição sem Lula é fraude”.
"Por uma frente ampla em favor da democracia e de Lula"

Na medida em que se aproxima o dia 24 de janeiro, as atenções estão voltadas para o julgamento do ano no Tribunal Regional Federal (TRF 4), de Porto Alegre. Cresce o apoio ao ex-presidente Lula.

A entrevista do deputado estadual Marcelo Freixo (PSol) à Folha de S. Paulo, lançando dúvidas sobre a necessidade de união em torno da defesa de Lula, agitou as esquerdas e acabou por estimular a luta por eleições livres, democráticas e com Lula na disputa. Freixo ainda deve aos seus eleitores explicação sobre a sua entrevista.

A possibilidade da condenação de Lula no TRF 4 é quase certa, mas ainda há espaço para mudança. Para isso, centenas de autoridades, militantes dos movimentos sociais, partidos políticos, estão se dirigindo para Porto Alegre no dia do julgamento. O prefeito Nelson Marchezan Júnior, ligado ao MBL, tenta impedir as manifestações e chegou a pedir a presença da Força Nacional. O ministério da Defesa negou o pedido por acha-lo absolutamente desnecessário.

Lula quer ser ouvido no Tribunal e confirmou presença na cidade. O resultado desse julgamento pode mudar os rumos do processo eleitoral de 2018. Mais de cem mil assinaturas afirmam em documento que “eleição sem Lula é fraude”.

Para reforçar a tese de que é preciso defender a democracia, o militante do PSol, Gilberto Maringoni, escreveu um contundente artigo defendendo uma “frente [ampla] dos que gostam e dos que não gostam de Lula!”

Eis a íntegra do texto de Maringoni que circula nas redes sociais:

“Esqueça os R$ 51 milhões nas malas de Geddel.

Esqueça a outra mala, nas mãos de Rocha Loures.

Faça vistas grossas aos R$ 38 bilhões a serem torrados na compra de votos para a Previdência.

Deixe de lado a aprovação do PL que suspende o pagamento de R$ 1 trilhão das petroleiras internacionais em tributos.

Não se preocupe com o escândalo JBS, com a suspensão da multa de R$ 25 bilhões do Itaú, com a venda da Eletrobrás, com a reforma trabalhista, com o congelamento de gastos, com o desemprego de dois dígitos, com nossa tragédia social.

Nada disso importa.

O que importa agora é que vão pegar o acusado de ter ocultado um triplex no Guarujá. Ele apresentou provas contrárias, mas contra cabeça de juiz não há evidências. Vão pegar e alardeiam que com isso a moralidade pátria estará salva.

O TRF-4, de Porto Alegre, marcou o julgamento do acusado, líder isolado nas intenções de voto, para o dia 24 de janeiro. A base legal - ironia das ironias - é a Lei da Ficha Limpa, sancionada pelo próprio acusado há sete anos.

Marcaram num tempo sonolento, entre o ano-novo e o carnaval. Os estudantes estarão de férias.

Encurtaram prazos, passaram por cima da ordem habitual dos processos e - tudo indica - vão condenar o homem, que ficará inelegível.

Logo este homem.

Logo Lula, que sempre buscou dar segurança aos mercados. Logo Lula, que não tocou nos interesses dos donos do dinheiro.

Nem isso a turma da casa grande aceita. Não aceita por saber que Lula tem algo que eles não têm: uma formidável base popular que, em determinadas situações, pode se tornar incontrolável. Isso, apesar de todo esforço de Lula em evitar o confronto.

Lula confiou nos de cima, achou que eram amigos e eles vêm a mostrar que em luta de classes não tem conversa. Não deram o golpe à toa. Não deram o golpe para fazer marola.

Admiro a figura histórica de Lula e a marca profunda que há quarenta anos imprime na vida nacional. Ele não é meu ídolo, mas não há liderança popular capaz de a ele se ombrear no Brasil.

Condenar Lula significa transformar o país numa esbórnia.

Num escracho.

Numa mazorca.

Num lupanar cívico.

Condenar Lula significa fraudar as eleições de 2018.
Condenar Lula significa dar o golpe dentro do golpe.

Por isso, agora é hora da frente dos que gostam e dos que não gostam de Lula - mas que estão com a democracia - contra algo que atinge a quase todos.

É hora da frente ampla contra a segunda fase do golpe!”

Chefe de Gabinete do presidente do TRF 4 abre campanha contra Lula nas redes sociais

A chefe de gabinete do desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores, presidente do TRF 4, que deveria primar pela imparcialidade, abriu campanha nas redes sociais contra Lula pedindo sua prisão.

A justiça brasileira definha nas mãos de juízes e servidores que não escondem sua parcialidade. O presidente do Tribunal, mesmo sem ter lido a peça condenatória, já disse publicamente que a sentença de Sérgio Moro contra Lula é “irretocável”.

Com um chefe desse o que esperar da funcionária subordinada? Daniela Tagliari Kreling Lau postou em sua página no Facebook petição pedindo que as pessoas assinassem pedindo a prisão de Lula.

A ditadura da toga que se instala no Brasil quer fazer do dia 24 de janeiro, dia do julgamento de Lula no TRF 4, um marco para dizer que as leis não importam, mas sim a opinião, a “convicção”, do juiz.

O presidente do PT/RS Pepe Vargas informa que depois da denúncia contra Daniela, que tomou conta das redes sociais, a serviçal do presidente do TRF 4 eliminou postagens e comentários políticos do Facebook.



Temer propõe PEC para não ser processado

Enquanto a campanha eleitoral se agita no país, o presidente Michel Temer reuniu-se com os ministros Henrique Meirelles (Ministro da Economia – PSD), Rodrigo Maia (Presidente da Câmara – DEM/RJ), Dyogo Oliveira (Planejamento) e Alexandre Baldy (Cidades), para definir a tramitação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que altera as regras para custeio de pessoal dos governos em todas as esferas do estado.

Temer continua gastando recursos públicos para ganhar votos no Congresso Nacional para aprovar a Reforma da Previdência, comprometendo o equilíbrio fiscal que tanto "defende" o ministro da Fazenda.

Isso significa dar um golpe na Lei de Responsabilidade Fiscal e fugir de eventuais processos. A proposta é indecente e terá grande dificuldade de ser aprovada. Mas, como o golpe continua em curso, nada é impossível neste governo.

A rigidez da LRF foi utilizada apenas para destituir a presidenta Dilma Rousseff por um crime que sequer existiu.