No DF não há indústria de reciclagem de vidros
Os vidros podem ser reciclados?

Marcos Helano Montenegro (*) -

Segundo a associação que reúne os fabricantes de embalagens de vidro (Abividro), “a reciclagem sempre teve grande destaque na indústria vidreira, e ganhou força nos últimos anos com os grandes investimentos feitos para promover e estimular o retorno da embalagem de vidro descartável como matéria-prima”.

De fato, com um quilo de cacos de vidro se faz outro quilo de vidro, mas é preciso que o vidro, transformado em cacos selecionados segundo a cor e livre de impurezas, chegue até uma fábrica.

Ainda segundo a Abividro, as fábricas de garrafas de vidro estão localizadas apenas nos seguintes estados: RS, SP, RJ, MG (Uberlândia), PE e SE.

A distância de transporte entre a fábrica mais próxima de uma determinada cidade é que determina a viabilidade da reciclagem de vidro nesta cidade.

É por isso que no DF a reciclagem de embalagens de vidro praticamente não tem viabilidade. No caso de Brasília, o custo do transporte torna o caco de vidro proveniente das embalagens aqui descartadas não competitivo.

Portanto, no DF embalagem de vidro não pode ser tratada como reciclável.

Assim, no DF praticamente todas as embalagens de vidro descartadas nos domicílios, hotéis, bares, restaurantes e similares estão sendo aterradas após o consumo da bebida ou de outro produto.

Quem paga pelo custo de coletar e aterrar este resíduo? Evidentemente, nós, como cidadãos pagando a TLP, ou como consumidores, no preço do produto.

Mas, há alternativa. Aproximadamente metade das embalagens produzidas anualmente no Brasil é constituída de recipientes retornáveis, como as garrafas de cerveja e refrigerantes. Essas embalagens são reutilizadas para a mesma finalidade por mais de 30 vezes, sendo lavadas em altas temperaturas e com detergentes antes de cada nova utilização. Esta possibilidade é uma das características positivas das embalagens de vidro.

Por outro lado, os próprios fabricantes de bebida afirmam que a embalagem de vidro retornável possibilita vendê-las mais barato para o consumidor final.

Mas hoje, a decisão de embalar uma bebida em uma determinada embalagem é uma decisão apenas de marketing, que visa naturalmente maximizar o lucro do fabricante.

Tem que ser assim? Os ônus ambientais não devem ser levados em conta?

Pergunto então porque não privilegiamos aqui, no DF, a embalagem retornável quando consumimos bebidas como os refrigerantes, a água mineral e as cervejas em embalagens de vidro?

Com esta atitude, estaríamos evitando aumentar a quantidade de resíduos encaminhados para o aterro sanitário e contribuindo para economia de recursos (matérias primas, energia etc).

Afinal, uma embalagem de vidro retornável faz o papel de dezenas de embalagens descartáveis.

Não compre refrigerante, água mineral e cerveja em embalagens de vidro não retornáveis.

Não venda refrigerante, água mineral e cerveja em embalagens de vidro não retornáveis.
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(*) Marcos Helano Montenegro é engenheiro e presidente da Seção DF da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES).